violência. que a pessoa afetada pelo abuso dificilmente verá seus traumas sanados por tratamentos convencionados a população em geral.
O programa ‘Mulher, Viver sem Violência’, lançado pela ex-presidente Dilma Rousseff em 2013, possibilitou o atendimento especializado às vítimas de violência sexual ao incluir a organização e humanização desse atendimento como um dos seus cinco eixos. Foi a criação da Portaria n° 485, do ministério da Saúde por meio desse programa, que estabeleceu a obrigatoriedade do atendimento especializado as pessoas sujeitas À violência sexual dentro do SUS.
O SAVIS, inaugurado em 2011 no Hospital e Maternidade Dona Regina, é um dos vários estabelecimentos gerados pela portaria nº 485 que realizam o atendimento especializado e multiprofissional às vítimas de estupro. A assistente social Janaína Costa Rodrigues, que trabalha na instituição há 4 anos, explica como é a dinâmica do serviço e as dificuldades enfrentadas por ele.
Segundo Janaína, o SAVIS funciona ininterruptamente, há sempre dois profissionais de plantão para receber as vítimas de urgência, são efetuados dois tipos de atendimento, os casos agudos em que a violência ocorreu à 72h e os casos crônicos relativos a pessoas que passaram por violência sexual em qualquer momento da vida.
O atendimento conta com assistentes sociais, psicólogos, psiquiatras, médicos, enfermeiros e farmacêuticos que oferecem auxílio em cada uma das suas áreas, é ofertado um processo de profilaxia a DSTs, assim como a possibilidade de aborto amparado em lei para as vítimas agudas. A assistência social dos casos é feita no sentido de facilitar as pessoas atendidas ao SAVIS e as outras instituições demandadas como a Delegacia, o Ministério da justiça e etc, oferecendo transporte e estadia aqueles que precisam.
,oferecendo transporte e estadia aqueles que precisam.
O atendimento costuma ocorrer durante 3 meses passado esse período, se o paciente tiver condições, o tratamento é repassado postos de saúde e outros serviços públicos. Janaína considera que a existência e divulgação do serviço são de grande importância para a sociedade, mas aponta que há ainda muitas dificuldades, como a presença integral de todos os profissionais, pois o plantão de apenas dois profissionais ininterruptamente acaba por dificultar o acolhimento as vítimas emergenciais.
Mesmo diante dos obstáculos enfrentados por serviços como o SAVIS percebe-se uma grande evolução no tratamento as sobreviventes do abuso sexual, antes do programa ‘Mulher, Viver sem Violência’ a questão era invisibilizada e o serviço praticamente inexistente. Estabelecimentos como esses impedem que a revitimização e silenciamento das pessoas acometidas pelo estupro, o que dá margem à construção de um novo imaginário da vítima, onde ela passe a ser vista como alguém que está sofrendo, mas que se bem amparada, pode transformar seu sofrimento em coisas boas e sair da situação de vítima e se tornar uma sobrevivente, uma lutadora.
Janaína Costa Rodrigue assistente social atuante no SAVIS e feminista.