superação e conquista pela frente.
A sobrevivente necessita que se continue essa conversa, que se ponha a mesa o que permite a existência do estupro, que se discutita as maneiras de curar a mulher abusada e de retirar-lhe o estigma de vítima, a discussão tem de continuar, não apenas para cessar a multiplicação diária de vítimas, mas para que elas se tornem guerreiras que tenham mais do que a dor, a culpa e o silêncio para acompanhá-las. Mas esta conversa, como reinvidicam asfeministas, deve começar com o repeito à mulher que sofreu o abuso, respeito a sua dor, entendendo que ninguém em sã consciência causa seu próprio sofrimento, uma vez que conforme atestam os estudos de gênero esse esterotipo de feminilidade imposto que diz que mulheres devem se comportar de determinada maneira se não estarão sujeitas a violência é socialmente construído. Reconhecida a necessidade da discussão de maneira a não punir a subjulgadas a violência, o passo seguinte é cuidar daquelas que sofrem o abuso, não porque é uma mulher frágil que requer cuidados, mas porque é um ser humano que passou por algo desumano.
Ao passar por isso, qualquer um precisa de apoio, precisa ser ouvido ter sua denúncia legitimada e necessita de acompanhamento médico, psicológico e social. Hoje em dia alcançaram-se muitos avanços em relação a assistência à sobreviventes da violência sexual, existem estudos sobre os efeitos diretos e indiretos do abuso, assim como instituições sociais e governamentais que atendam as vítimas.
As consequências psicológicas mais recorrentes além da culpa, como apontam algumas pesquisas brasileiras, e como ratifica a psicóloga Vilma Aparecida, uma dos profissionais que atuam no SAVIS (Serviço de Atenção Especializada às Pessoas em Situação de Violência Sexual
de Palmas, são a depressão, o isolamento e o TEPT (Transtorno pós traumático).
Os sintomas e as doenças provocados pelo abuso podem se agravar quando a pessoa submetida ao trauma sexual não recebe um tratamento adequado, como descrevem as pesquisadoras Mayte Raya e Silvia Helena da universidade federal do Rio grande sul, em sua pesquisa sobre o desenvolvimento da criança sujeitada a violência sexual, desenvolvida em 1998. Um dos aspectos que interferem no grau de severidade é a falta de apoio pelos pais no sentido de cessar a violência, não apenas percebendo que ela ocorre, mas também reconhecendo a denúncia da criança agredida.
A psicóloga Vilma Aparecida afirma que o ato de revelar a violência é muito difícil para quem a suporta. Por isso a tendência, caso essa vítima relate o ocorrido, peça ajuda e não a receba, e seja até culpabilizada pela agressão, é de se silenciar de um modo ainda pior que o silêncio anterior. Ao ver seu pedido de ajuda ignorado, a confiança e a coragem para repetir a denúncia terão de ultrapassar não apenas a dor e a vergonhade ser abusado, mas também a incerteza quanto a legitimação da sua denúncia por quem vai ouvi-la.
O estupro, seja ele de uma mulher adulta ou de uma criança, é na maior
Vilma Aparecida, psicologa atuante no SAVIS.