O Social - Maio-junho 2019 O Social - Maio Junho - Joomag | Page 8

ENTR EVISTA DULC IE L LY N Ó B REGA D EFENSO RA PÚB L I CA , CO O R DE N ADO RA DO N Ú C L EO D E D EFESA DA MUL H ER DA DE F E N S O R I A PÚ B L I C A DO DF Atuante da defesa da mulher, Dulcielly reforça a importância das medidas protetivas à mulheres ameaçadas para que a prevenção de mais casos de feminicídios. Diante dos altos índices de agressão, a advogada chama a atenção para a importância de que as vítimas denunciem, já que ainda há muita subnotificações deste tipo de crime. “É preciso que se dê efetividade às medidas protetivas” Diante do aumento do número de feminicí- dios e agressões regis- trados no DF, o que é preciso ser feito para garantir o cumprimen- to das medidas pro- tetivas às mulheres? Segundo a Secretaria de Segurança Pública do DF, em março de 2019, foi constatado que ape- nas 1,5% das mulheres vítimas de feminicídio tinham medidas prote- tivas vigentes. É preciso que se dê efetividade às medidas protetivas por meio de ações como a inclusão da mulher no Provid da Polícia Militar, a disponibilização de dispositivos de seguran- ça que permitam que a mulher acione a polícia em caso de descumpri- mento da medida, a ga- rantia de acesso à Casa Abrigo, além do acesso aos serviços especiali- 8 o social zados para garantia dos direitos dessas mulhe- res. De março de 2015 – quando foi implemen- tada a Lei do Feminicídio – a 18 de março deste ano, foram registrados 68 casos de feminicídios no DF.  Até perderem a vida, 72,1% dessas víti- mas assassinadas nun- ca haviam denunciado seus companheiros. A punição e o cumpri- mento de penas por crimes contra a mulher têm sido efetivas? Desde a Lei Maria da Pe- nha o ordenamento jurí- dico brasileiro avançou. Desafios precisam ser enfrentados, pois em- bora os números sejam altos verificamos que ainda existe uma grande subnotificação, ou seja, muitas mulheres não pedem ajuda, não regis- tram ocorrência policial, MAIO/JUNHO 2019 embora estejam sofren- do diversas violências. É muito importante que existam grupos de refle- xão com os ofensores, a fim de que sejam traba- lhadas as questões das masculinidades. Existe uma demanda forte para que mulhe- res vítimas de violência doméstica possam ser inseridas no mercado de trabalho. A quem elas podem recorrer? O Senado Federal e a Câmara Legislativa des- tinam um percentual de vagas para vítimas de violência doméstica nas empresas terceiriza- das, mas precisamos de mais políticas públicas na área da empregabili- dade, seja por meio de parcerias com empresas privadas, seja por meio de capacitações e profis- sionalização, na área de empreendedorismo e inovação, pois a promo- ção da autonomia é uma das mais efetivas formas de empoderamento. Desde o início do ano, temos uma ministra, Da- mares Alves, titular da pasta de Mulher, Família e Direitos Humanos, que costuma gerar notícias por falas que atacam di- reitos adquiridos pela po- pulação feminina. Como a senhora avalia a postu- ra da ministra? É preciso compreender que estamos diante de um governo conservador e Damares faz parte des- se contexto. Como defen- sora das mulheres aguar- do as propostas para efetivação e garantia de nossos direitos e espero que haja proposições efe- tivas em prol das mulhe- res, sem retroceder nas conquistas já alcançadas.