O Social - Maio-junho 2019 O Social - Maio Junho - Joomag | Page 6
FALA , SERVI DO R!
Por que fazer a reforma da Previdência?
2019 está sendo o ano do
medo e da incerteza. Medo da
reforma da previdência que
extingue direitos; e incerteza
do rumo que o recém-eleito
presidente da república e sua
equipe estão levando o País.
Todos nós vamos ser afetados,
de uma maneira ou de outra.
Então restam as perguntas:
Será necessária mesmo essa
reforma do jeito proposto? E
o que pode acontecer depois?
Especialistas alertam quan-
to ao risco da migração do sis-
tema de repartição para o de
capitalização, como também
o que significa o conjunto de
medidas implícitas no texto
da PEC 06/2019.
Apresentamos aqui algu-
mas análises e constatações
com base em estudos, dados
sociais e estatísticas da reali-
dade brasileira, publicadas no
artigo de Economia intitulado
Pontos que você precisa saber
sobre a “reforma” da Previ-
dência, publicado no Portal
Vermelho (de 16/04/2019)
e jornal Hora do Povo; e pro-
duzido pelo economista EDU-
ARDO MOREIRA (Engenheiro
Civil pela PUC/RJ, estudou
economia na University of
California. Em 2016 foi eleito
pela revista Investidor Insti-
tucional como um dos 3 me-
lhores economistas do Brasil.),
com auxílio dos professores
Doutores Eduardo Fagnani,
graduado em Economia pela
Universidade de São Paulo
(1976), Mestrado em Ciên-
cia Política pela Universidade
Estadual de Campinas (1985)
e Doutorado em Ciência Eco-
nômica pela Universidade
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o social
Estadual de Campinas (2005).
Atualmente é professor do
Instituto de Economia da Uni-
versidade Estadual de Cam-
pinas (IE/UNICAMP); e Paulo
Kliass, graduado em Adminis-
tração Pública pela Fundação
Getulio Vargas – SP (1985),
mestrado em Economia pela
Universidade de São Paulo
(1988) e doutorado em eco-
nomia pela UFR – Sciences
Économiques – Université de
Paris 10 – Nanterre (1994) e
pós doutorado em economia
na Université de Paris 13.
Inicialmente,
alertam
quanto à “contabilidade afir-
mada pelo governo de déficit
da previdência”, esclarecen-
do as fontes de financiamen-
to da Seguridade Social (Saú-
de, Previdência e Assistência
Social) e despesas previstas
na Constituição Federal/88
(arts. 194 e 195), sendo as re-
ceitas oriundas da massa sa-
larial (contribuições dos em-
pregados e empregadores)
e das contribuições sociais
sobre o lucro das empresas
(COFINS, PIS/PASEP, CSSLL).
E que teve resultado positivo
desde 1989 até 2015, mas
devido à enorme desacele-
ração da economia nos três
últimos anos (2016-2017-
2018), a receita reduziu.
E asseguram que outro
fator da redução das receitas,
nesses três anos, está dire-
tamente associado às Des-
vinculações de Receitas da
União (DRU) – que somente
em 2017 foram da ordem de
R$ 115 bilhões -, bem como
as isenções fiscais aos gran-
des devedores.
MAIO/JUNHO 2019
Esses especialistas escla-
recem que, nos períodos em
que a Seguridade Social foi
superavitária, esses resultados
não foram preservados em
um fundo, mas foram gastos
em outras áreas como a de
política de gestão monetária
e outras finalidades, por meio
da DRU a qual desvincula até
30% das contribuições sociais.
Por certo, se o Governo recor-
reu à DRU pra retirar recursos
da Seguridade, é porque hou-
ve superávits.
No tocante aos trabalha-
dores rurais, os mencionados
doutos nos revelam que a
partir de 1988 é que o Estado
brasileiro, por meio da previ-
dência social, proporcionou
justiça social a uma parcela
da sociedade que até então
“trabalhou em condições in-
justas, sem direitos trabalhis-
tas, sindicais e previdenciários
e, muitas vezes, em regimes
de semi-escravidão. Foi essa
aposentadoria que diminuiu
a pobreza e o êxodo dos tra-
balhadores do campo para a
cidade. 98% dos benefícios
previdenciários concedidos
para o trabalhador rural equi-
valem ao piso do salário mí-
nimo ou menos”. Portanto
não há privilégios para esses
beneficiários rurais, não jus-
tificando o aumento do tem-
po mínimo de contribuição
para os mesmos dos atuais
15 anos para 20 anos, pois
muitos sequer conseguem
comprovar os 15 anos de
agricultura familiar. E receiam
os reconhecidos especialistas
que “quase nenhum trabalha-
dor rural conseguirá contribuir
por 240 meses (20 anos) de-
vido á natureza de seu traba-
lho ser incerta, intermitente e
muitas vezes informal”. Nessa
ótica segura e incontestável,
a medida proposta pelo Go-
verno fatalmente provocará o
aumento do êxodo para as ci-
dades, resultando na “amplia-
ção das periferias das grandes
cidades, da criminalidade e da
pobreza”. Entendem aqui que
maior parte dos trabalhado-
res rurais “não consigam pro-
teção na velhice; e que os que
conseguirem, terá direito ape-
nas a 60% da média aritméti-
ca de todas as suas contribui-
ções previdenciárias (ou ao
salário mínimo, o maior dos
dois)”. Conclui-se que muitos
vão morrer sem se aposentar!
Sobre o Benefício de Pres-
tação Continuada (o nosso
BPC pago aos indivíduos que
comprovam invalidez e ou
condição de miserabilidade,
com renda inferior a ¼ do sa-
lário mínimo), esses especia-
listas mencionam estudo que
comprovam que “indivíduos
que recebem o benefício
tem de 1 ano a 4 anos a mais
(respectivamente, homens
e mulheres) de expectativa
de vida saudável”. E que a
redução/corte desse benefí-
cio acarretará também a re-
dução desses anos, e “pode
significar antecipar a morte
dessas pessoas”.
Adiante, os referidos dou-
tos explicam também que a
“economia de 1 trilhão pro-
posta pelo governo não corta
privilégios, pois, segundo da-
dos da própria PEC 06/2019,
84% da economia vem da