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ENTR EV ISTA
E VE RA R DO AGUIA R
ES C RI TOR, E D U C A D OR S OC I A L E
A RTI C U L A D OR D E A M B I E N T ES CO LA BO RAT I VO S
Criador da plataforma DF em Movimento, ele avalia a
aplicação de políticas sociais e a eficiência da interação
entre a população carente e a assistência social. Ele
defende a ampliação da participação da sociedade
civil organizada junto ao público da assistência social.
“Os governos federal e do DF desprezam
políticas públicas e seu próprio capital humano
Num panorama geral,
como você avalia o ní-
vel de prioridade que o
GDF empenha à assis-
tência social?
O que está acontecendo
na assistência social é o
que está acontecendo no
País. O governo federal
com sua política de restrin-
gir o investimento em po-
líticas públicas rebate nos
estados de forma prática.
Em outros governos havia
programas sociais populis-
tas, mas, pelo menos, elas
existiam. Estamos diante
de uma dificuldade na qual
os governos federal e do
DF desprezam essas políti-
cas públicas e desprezam o
seu próprio capital huma-
no. Não faz parte da estra-
tégia desses governos fazer
que a assistência social
cumpra seu papel constitu-
cional. Temos gestores que
não possuem experiência
com essas pautas. Isso é
um equívoco! O atual go-
verno do DF não tem ca-
pacidade de diálogo nem
base social. redes sociais locais estão
um passo à frente na boa
governança local.
Como pode ser construído
um caminho de ação efe-
tiva entre quem promove
a assistência social, quem
nela trabalha e as pessoas
que precisam dela?
Temos as redes sociais lo-
cais, também chamadas
de ambientes colabora-
tivos, que vão além dos
partidos políticos e dia-
logam para efetivar essa
política pública, que está
na Constituição. O Esta-
do não consegue efetivar
suas políticas públicas
porque elas são formula-
das de forma fragmenta-
da. Nos ambientes cola-
borativos têm que estar
presentes o Estado, os
servidores públicos, so-
ciedade civil organizada
que tem atuação nas lo-
calidades onde as políti-
cas são efetivadas. Essas Você considera que o go-
verno do Distrito Federal
é eficiente para integrar,
ouvir e atender a popu-
lação que mais precisam
do Estado?
Essas ferramentas não al-
cançam quem mais pre-
cisa das políticas públicas
do Estado. As pessoas que
precisam de assistência
costumam usar só o What-
sapp. As redes usadas pelo
governo na internet são
insuficientes. Elas são frias
e não promovem intera-
ção social. Creio que vai
demorar para que as pes-
soas compreendam que
a internet não substitui os
ambientes colaborativos,
afetivos para efetivar políti-
cas públicas locais.
Nem todo o público da
assistência social possui
acesso à internet. Como
chegar a esse público e
como fazer com que te-
nham acesso à ajuda que
necessita?
As pessoas que mais preci-
sam do Estado não veem
na internet uma solução.
Precisamos ter contato
direto com essa popula-
ção, indo além dos CREAS,
CRAS, dos restaurantes co-
munitários. Poderíamos,
por exemplo, ter exibição
pelos aparelhos de TV
desses locais para explicar-
como funcionam órgãos
públicos, como requerer
seus cireitos e informar
como o CRAS e o Con-
selho Tutelar. Poderiam
exibir oficinas de capaci-
tação enquanto o público
espera por atendimento
nesses locais. É preciso
que o atendimento envol-
va afeto, que os servidores
tenham melhores condi-
ções de trabalho para que
isso possa ser efetivado.
JULHO/AGOSTO 2019
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