O Social - Julho/Agosto 2019 O Social - Julho/Agosto 2019 | Página 3

ENTR EV ISTA E VE RA R DO AGUIA R ES C RI TOR, E D U C A D OR S OC I A L E A RTI C U L A D OR D E A M B I E N T ES CO LA BO RAT I VO S Criador da plataforma DF em Movimento, ele avalia a aplicação de políticas sociais e a eficiência da interação entre a população carente e a assistência social. Ele defende a ampliação da participação da sociedade civil organizada junto ao público da assistência social. “Os governos federal e do DF desprezam políticas públicas e seu próprio capital humano Num panorama geral, como você avalia o ní- vel de prioridade que o GDF empenha à assis- tência social? O que está acontecendo na assistência social é o que está acontecendo no País. O governo federal com sua política de restrin- gir o investimento em po- líticas públicas rebate nos estados de forma prática. Em outros governos havia programas sociais populis- tas, mas, pelo menos, elas existiam. Estamos diante de uma dificuldade na qual os governos federal e do DF desprezam essas políti- cas públicas e desprezam o seu próprio capital huma- no. Não faz parte da estra- tégia desses governos fazer que a assistência social cumpra seu papel constitu- cional. Temos gestores que não possuem experiência com essas pautas. Isso é um equívoco! O atual go- verno do DF não tem ca- pacidade de diálogo nem base social. redes sociais locais estão um passo à frente na boa governança local. Como pode ser construído um caminho de ação efe- tiva entre quem promove a assistência social, quem nela trabalha e as pessoas que precisam dela? Temos as redes sociais lo- cais, também chamadas de ambientes colabora- tivos, que vão além dos partidos políticos e dia- logam para efetivar essa política pública, que está na Constituição. O Esta- do não consegue efetivar suas políticas públicas porque elas são formula- das de forma fragmenta- da. Nos ambientes cola- borativos têm que estar presentes o Estado, os servidores públicos, so- ciedade civil organizada que tem atuação nas lo- calidades onde as políti- cas são efetivadas. Essas Você considera que o go- verno do Distrito Federal é eficiente para integrar, ouvir e atender a popu- lação que mais precisam do Estado? Essas ferramentas não al- cançam quem mais pre- cisa das políticas públicas do Estado. As pessoas que precisam de assistência costumam usar só o What- sapp. As redes usadas pelo governo na internet são insuficientes. Elas são frias e não promovem intera- ção social. Creio que vai demorar para que as pes- soas compreendam que a internet não substitui os ambientes colaborativos, afetivos para efetivar políti- cas públicas locais. Nem todo o público da assistência social possui acesso à internet. Como chegar a esse público e como fazer com que te- nham acesso à ajuda que necessita? As pessoas que mais preci- sam do Estado não veem na internet uma solução. Precisamos ter contato direto com essa popula- ção, indo além dos CREAS, CRAS, dos restaurantes co- munitários. Poderíamos, por exemplo, ter exibição pelos aparelhos de TV desses locais para explicar- como funcionam órgãos públicos, como requerer seus cireitos e informar como o CRAS e o Con- selho Tutelar. Poderiam exibir oficinas de capaci- tação enquanto o público espera por atendimento nesses locais. É preciso que o atendimento envol- va afeto, que os servidores tenham melhores condi- ções de trabalho para que isso possa ser efetivado. JULHO/AGOSTO 2019 o social 3