O queijo de coalho em Pernambuco: histórias e memórias | Page 80
78
O QUEIJO DE COALHO EM PERNAMBUCO: HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
4.2. Os passos da Indicação Geográfica
do queijo de coalho do Agreste de
Pernambuco
O queijo de coalho é um produto artesanal produzido em Pernambuco com
inicio provável na época da colonização.
Isso é relatado através das pesquisas
apresentadas neste livro, nos documentos oficiais encontrados nos cartórios das
cidades mais distantes da capital e de
acordo com memórias vivas, de pessoas
simples que desde a infância acompanhavam a produção desse produto, que,
para os pernambucanos e nordestinos,
representa a própria identidade.
É um produto obtido originalmente com leite cru. O método de produção
segue uma tradição familiar histórica,
que, ao longo do tempo, foi sofrendo
algumas modificações devido às exigências da segurança alimentar. Dentro do
estado de Pernambuco, existe, desde o
ano de 2000, uma preocupação em preservar o patrimônio imemorável que é o
queijo de coalho, a partir da conscientização da importância do produto, forte
pilar de sustentação da economia daquela região, para a agricultura familiar
dentro do Estado.
As características do queijo de coalho
estão estreitamente ligadas ao saber fazer
ancestral, e especificidades edafoclimáticas locais o torna irreprodutível em outros
lugares, o que faz com que ele seja um
patrimônio cultural coletivo da sociedade
que se enraizou em Pernambuco.
Na atualidade, para numerosos consumidores, a preocupação gastronômica
se mistura a preocupações ambientais,
de saúde pública e capacidade de rastreamento dos produtos. Nesse contexto, a
Indicação Geográfica apresenta-se como
um selo de garantia da origem geográfica, dos procedimentos de elaboração
do produto e, quando bem valorizado,
de desenvolvimento sustentável para as
populações preocupadas com a manutenção dos seus conhecimentos tradicionais, e que desejam viver em harmonia
com o seu ambiente.
No início da primeira década de
2000, em Pernambuco, teve início um
trabalho para obtenção de um selo de indicação geográfica do queijo de coalho,
promovido por dois técnicos: o francês
Benoit Paquereau, da então Secretaria
de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente
do Estado de Pernambuco (SECTMA), e
Moshe Dayan, do Sebrae de Garanhuns.
Entre outras iniciativas, foi organizado um seminário sobre o tema, em
julho de 2003, durante o Show de Lácteos, com a participação do Sebrae Nacional, da Universidade Federal de Viçosa (experiência do queijo da Canastra
de Minas Gerais), da Embrapa (queijos
artesanais do Nordeste), Pôle Fromager
AOC (queijos franceses) e do Cirad (parceria franco-brasileira).