O queijo de coalho em Pernambuco: histórias e memórias | Page 52
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O QUEIJO DE COALHO EM PERNAMBUCO: HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
2.9. Pernambuco no
espaço pecuarista: a
higienização do
leite no início do
século XX
Desde a introdução do gado no Sertão, não se tinha uma preocupação com a
qualidade do animal. No entanto, a partir
de 1917, o Governo pernambucano mostra certa cautela com a saúde do animal
e seus derivados mais consumidos, tais
como o leite, a manteiga e o queijo. Essa
preocupação fica evidente na publicação
feita por determinação do governador
Manoel Antônio Pereira Borba para distribuição gratuita aos criadores de gado
de Pernambuco.
Na I Conferência Nacional de Pecuária, de 13 a 25 de Maio de 1917, realizada
na então capital federal, Rio de Janeiro,
observaram-se vários aspectos, tais como:
a importância e desenvolvimento da indústria pastoril, origem do gado bovino
em Pernambuco, o melhoramento das ra-
ças e serviço zootécnico do Estado, o leite
e sua indústria, entre outros52.
No Estado de Pernambuco, mesmo
sem tantas indústrias de laticínios, naquela época, havia a produção de fundo de
quintal, onde os criadores de gado utilizavam os excedentes do leite para produzir
queijo, requeijões e manteiga, produtos
que eram vendidos em feiras livres e, até
hoje, enviados para o Litoral.
Nesta pesquisa, está ausente o registro de vendas de queijos no Litoral. Na
época, o queijo era fornecido para pequenos comerciantes, sem nenhum controle
dos órgãos competentes na área de alimentação, uma vez que o queijo de coalho era considerado um alimento de baixa
qualidade, consumido apenas por pessoas
de poucos poderes aquisitivos.