O Pinhão - Dezembro/2018 Pinhao dezembro2 | Page 12
Diário de uma voluntária em Roraima
Há muito sentia vontade de fazer
um trabalho voluntário na área mé-
dica, porém sempre colocava outras coisas
como prioridades e arranjava uma desculpa
qualquer para não fazê-lo, nunca existia o
“momento ideal”.
Há cerca de dois meses, vi um anúncio no
Instagram de uma ONG recrutando médicos
voluntários para atendimento de refugiados
venezuelanos em Roraima e, por algum mo-
tivo, aquele chamado atingiu meu coração e
me perguntei: Por que não agora?
Ao ser aceita, imediatamente comprei mi-
nhas passagens, e o fiz tão rápidoporque
sabia que corria o risco de, em algum momento, ser atormentada com
desculpas como: “É muito longe, melhor procurar algo mais perto”, “
Vou ter que desmarcar pacientes”, “Tenho outras prioridades financei-
ras”, “Já deve haver muitos médicos inscritos, não vou fazer falta”... etc.
etc. etc.
Eis que no dia 30 de outubro embarco rumo à Boa Vista sem ter a mí-
nima ideia do que me esperava e, confesso, me sentia insegura. Após 13
anos exclusivos à Dermatologia, não tinha certeza se “daria conta” de
prestar atendimentos em outras especialidades.
Ao chegar, minhas surpresas e angústias só aumentaram. De um total
de quase 50 voluntários, apenas 9 eram médicos e uma enfermeira.)
Havia cabeleireiros, maquiadoras, donas de casa, estudantes e até uma
economista. Gente de todo o Brasil, todos dispostos a doar um pouco
de si, não importa como fosse, nem que fosse apenas para brincar e
entreter as crianças, que foi o que muitos fizeram.
Antes de começamos o atendimento no primeiro dia, pensei várias ve-