O Mocho Ano 1 - número 7 - Maio 2014 | Page 45

Tema Anual

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Penso que todos estamos cientes de que o clima tem vindo a mudar nas últimas décadas. Uma pessoa que, como eu, tenha nascido em meados do século passado, tem na sua memória dias quentes, principalmente quando se vivia numa vila do interior no Ribatejo. De facto havia dias muito quentes em que a minha mãe me obrigava a dormir a sesta, como forma de evitar que eu andasse na rua com um calor acima do normal. No entanto lembro-me também que temperaturas acima de 33 graus aconteciam de forma muito limitada em Portugal e apenas no Alentejo poderiam considerar-se temperaturas normais em alguns dias de julho e agosto.

Como exemplo, posso dar a minha visita aos Estados Unidos em 1978, durante a qual eu caminhei a pé até ao fundo do Grand Canyon, onde estavam 45 graus Celsius ao sol, temperatura que me deixou completamente de rastos na altura, e perante a qual eu nunca tinha tido qualquer experiência de vida até àquele momento.

Foi necessário passarem 25 anos para que, em pleno Portugal, em 2003, eu tivesse assistido a uma temperatura igual que me fez recordar automaticamente a descida ao Grand Canyon. O indicador de temperatura exterior do meu automóvel chegou a ficar com um traço, o que queria dizer (procurei eu na literatura do automóvel) que tinha atingido os 50 graus.

Neste artigo pretendo apenas resumir os conhecimentos que se têm hoje sobre o que está a acontecer ao nosso planeta e que irá, com toda a certeza, provocar profundas alterações civilizacionais ao longo das próximas décadas.