O lugar da Memória em Bento Rodrigues – Mariana / MG O lugar da memória em Bento Rodrigues | Page 12
SOBRE MEMÓRIA
COLETIVA, PATRIMÔNIO
CULTURAL E LUGARES DE
MEMÓRIA:
FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA
1.2.9 Memorial aos judeus mortos da Europa
O memorial foi construído numa área de 19.000 m² que fazia parte da
“faixa da morte” quando o muro de Berlim existia. O monumento
consiste em 2.711 blocos de concreto cinza escuro, distribuídos em
fileiras paralelas sob uma superfície ondulada. Estes blocos são sóbrios,
não contém nenhum texto, nome ou foto. Os blocos variam em altura,
indo desde 0,2 até 4,8 metros. Muitos dos caminhos formados também
são ondulados, o que para algumas pessoas causa a sensação de
instabilidade.
Faz parte ainda do memorial, uma sala subterrânea com 800 metros
quadrados chamada de “Local da Informação” onde é documentado
a perseguição e o extermínio dos judeus. A exposição mostra detalhes
biográficos de pessoas e famílias que foram vítimas do holocausto.
De acordo com o texto do projeto de Eisenman, os blocos são
desenhados para produzir uma intranquilidade, um clima de confusão e
a escultura toda ajuda a representar um sistema supostamente
ordenado e que perdeu o contato com a razão humana. Uma cópia
de 2005 de um panfleto turístico oficial inglês da Fundação para o
Memorial, porém, afirma que o projeto representa um confronto radical
ao conceito tradicional de um memorial, em parte porque Eisenman
não usou nenhum simbolismo.
O Memorial, em Berlim, foi projetado pelo artista israelense Dani
Karavan. Ele desenhou uma piscina circular de água com fundo preto,
com doze metros de diâmetro e borda “infinitamente profunda”. A forma
circular é uma expressão de igualdade e a água simboliza as lágrimas.
Diariamente é colocada uma flor fresca em um triângulo no centro da
piscina, e que visto de cima é uma reminiscência do ângulo sobre as
roupas dos prisioneiros do campo de concentração. Sempre que a flor
murcha, a pedra afunda num canto, ao ser colocada uma nova flor, ela
volta a ficar para fora da água. A flor deve ser “ao mesmo tempo um
símbolo da vida, do luto e lembrança”.
Na borda da piscina está inscrito um poema, que pode ser lido em
Inglês, Alemão e Romani. Também em volta da piscina estão localizadas
placas de mármore individuais de forma irregulares brancas e em
intervalos irregulares com os nomes dos campos de concentração
nazistas e de lugares onde os grupos foram submetidos ao terror.
“The enormity and scale of the horror of the Holocaust is
such that any attempt to represent it by traditional means is
inevitably inadequate ... Our memorial attempts to present
a new idea of memory as distinct from nostalgia ... We can
only know the past today through a manifestation in the
present.” (EISENMAN, 1998)
Figuras 25 e 26: Memorial aos judeus mortos da Europa. Fonte: www.cs.utsa.edu/~
wagner/berlin/trip/trip_holo.html; www.stiftungdenkmal.de/en/home.html
1.2.10 Memorial aos Sinti e Roma vítimas do Holocausto
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Criado para lembrar das cerca de 500.000 pessoas que foram
perseguidas e assassinadas sob o governo do nacional-socialismo na
Alemanha e em outros países europeus, estes, que eram conhecidos
como “ciganos”, se descreveram pertencentes a diferentes grupos,
dentre os quais os Sinti e Roma eram os maiores da Europa.
Figura 27: Memorial aos Sinti e Roma. Fonte: www.viajoteca.com/o-memorial-para-os-
grupos-sinti-e-roma-vitimas-do-nacional-socialismo-em-berlin/