economia, se olharmos para a necessidade de apresentar uma
solução para o segundo motivo da criação dessa coalizão vence-
dora: a crise das Finanças Públicas.
Apesar da permanência, sob outro formato, da crise política,
desta vez pela ruptura da Coalizão Vencedora, os agentes econô-
micos, ao ser estabelecido um mínimo de confiabilidade, sentiram
haver condições para a retomada dos negócios, e a economia vem
se movimentando em parâmetros mínimos. O processo recessivo,
iniciado no segundo trimestre de 2014, mas c uja origem está em
2008/2009, aparenta ter finalizado com uma sucessão de trimes-
tres de PIB positivo.
Certamente, o fôlego desta pequena retomada vai estar na
manutenção da confiabilidade dos agentes e vinculada a alguma
proposta mais sólida e estruturada de solução da crise das Finan-
ças Públicas. E é aí que nossos problemas começam, pois o debate
da crise tem tudo a ver com o que se espera do Estado e isso
implica em escolhas que são reflexo de posições históricas no
cenário político brasileiro.
O grupo dissidente que se retirou da Coalizão Vencedora, por
sua vez, também se fragmentou e foi incapaz de apresentar
propostas concretas que não fossem apenas um discurso de
oposição paralelo ao discurso dos derrotados: Temer não serve!
Uma parte deste grupo, por questões ideológico-políticas, está
sendo incapaz de aceitar alterações de políticas públicas focadas
na solução da crise das Finanças Públicas, mas que tem tudo a
ver com o papel do Estado, e pratica uma política ativa de enfren-
tamento e negação. Outra parte caminha sobre a corda bamba e
é, na prática, incapaz de se definir com clareza nesse tema, que
rejeita toda e qualquer ambiguidade.
A dissolução do formato original da Coalizão Vencedora enfra-
queceu a capacidade de negociação do governo Temer e o que se
instala, nestes momentos, é o tradicional troca-troca desse presi-
dencialismo que necessita de uma maioria incerta para passar
seus projetos. O processo de troca não apenas obriga o governo a
direcionar novos recursos para o chamado Centrão, mas também
enfraquece as metas fiscais. Mesmo que imaginemos que muitos
bodes foram postos na sala, o fato é que a incapacidade de definir,
com mais objetividade, o tamanho da atual coalizão acaba fazendo
com que as corporações ganhem fôlego e tenham maior capaci-
dade de intervenção. É o que estamos vendo no debate da Reforma
Previdenciária. É claro que a soma de todas as demandas das
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Demétrio Carneiro