corporações nos coloca nessa situação de insustentabilidade
fiscal, mas toda corporação vai sempre achar que seu público em
especial tem mais direitos que o público em geral ou o público das
outras corporações.
Acabaremos descobrindo até que ponto é possível esticar esta
corda das soluções fiscais, embora já se fale em transferir o
problema para o próximo governo. Até que ponto esse clima
afetará o comportamento dos agentes econômicos, também ainda
veremos. O que é certo é que colocar as soluções no colo do
próximo governo pode não ser uma solução, a depender do eleito
e de sua capacidade de formar alianças.
Esta esperança de um novo governo capaz de enfrentar, de
forma definitiva, todo o conjunto de reformas e mudanças institu-
cionais necessárias, é falsa e já não deu certo no passado. Basta
ver como os sucessivos governos acabaram fugindo do debate
previdenciário de fundo e preferiram soluções mais fáceis. Invaria-
velmente todos se depararam com a necessidade de formar maio-
rias e todos tiveram que negociar e reduzir demandas de mudança.
O Estado
A questão do Estado e seu papel continuam sendo o tema
principal. Para 2018 não será diferente. O que chamamos de crise
das Finanças Públicas pode ser bem simplificado numa pequena
frase: “gastamos mais do que temos capacidade de arrecadar”.
A questão imediata é “onde gastamos?” e “onde iremos buscar
recursos para cobrir o que gastamos?”. Para responder às duas
perguntas, precisamos definir o que queremos do Estado.
O que a sociedade espera do Estado está inscrito na nossa
Constituição Federal e tem a ver com qualidade de vida. Constitu-
cionalmente, a sociedade elege o Estado como um instrumento de
entrega de qualidade de vida. O problema é se há meios de garan-
tir qualidade de vida para todas e todos. Alguns acham que sim,
outros que a obrigação do Estado é garantir a qualidade de vida
dos mais pobres. O Estado caminha sobre esse fio de navalha da
necessidade de entregar bens e serviços, qualidade de vida, que
atendam ao conjunto, mas ao mesmo tempo precisa ter meios
para dar atenção aos mais pobres.
Como o cobertor é um só, algumas questões vão aparecendo...
Para cada real entregue ao Estado, quanto chega à ponta final em
Uma discussão sobre um futuro nem tão distante
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