lar as instituições em favor da sociedade, corremos o risco de
assistir repetecos infindáveis dessa história.
Sem que haja a desejada renovação política, tampouco é possí-
vel esperar que as reformas econômicas de que necessitamos
sairão do papel sem serem desvirtuadas e distorcidas. O lastro de
qualquer reforma é a credibilidade do governo que a propõe – a
reforma da Previdência está aí como exemplo. Inicialmente formu-
lada pelos princípios corretos, hoje está profundamente diluída e
descaracterizada em nome da sobrevivência política daqueles que
ainda andam com desenvoltura por Brasília, apesar de seus
desmandos e tropeços, áudios e visitas. Não falo apenas do presi-
dente da República e de seu círculo íntimo de assessores defenes-
trados, mas do senador e ex-candidato à Presidência em 2014.
Que respaldo terá uma reforma aprovada por esse senhor e por
outros de seus colegas no Congresso Nacional também envolvidos
em atos escusos? O que é melhor, fazer uma reforma da Previdên-
cia de qualquer jeito, deixando de fora boa parte das causas prin-
cipais de nossos problemas fiscais de médio prazo por conveniência
política, ou aguardar os resultados de outubro de 2018?
Sem querer exagerar a relevância da experiência de nossos vizi-
nhos, a Argentina parece estar conseguindo fazer a renovação polí-
tica, o que aumenta as chances de que boas reformas, respaldadas
pela credibilidade conferida pelas urnas, sejam levadas a cabo.
Há no Brasil muita movimentação e pressão para que venha a
renovação. Movimentos como o Agora! e outros estão empenhados
em promover mudanças políticas que garantam a modernização
institucional, sem a qual as necessárias reformas sofrerão o
mesmo destino de tantas outras feitas por nós e por outros países,
o roteiro delineado por Acemoglu e Robinson mundo afora.
Ao mesmo tempo, há um sentimento inexplicável de nostalgia
por um passado inexistente, uma onda que tenta pregar o libera-
lismo na economia e o retrocesso nas questões sociais, levantando
a bandeira de um conservadorismo velho, gasto, que parecia em
vias de extinção. Este conservadorismo corre o risco de abraçar o
que aí está com caras supostamente novas, mas que não necessa-
riamente defendem a renovação institucional.
O conservadorismo mais puro é aquele que prega que “tudo
mude para que nada mude”, como escreveu Giuseppe di Lampe-
dusa. É isso o que precisamos evitar em 2018.
A falência das nações
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