O imprevisível 2018 PD49 | Page 69

como a do Ensino Médio, a Trabalhista, a Tributária, a da Previ- dência. Anulação também proposta por Ciro Gomes e outros igualmente empenhados em substituir Lula como candidato após sua esperada condenação em 2ª instância, entre eles o ultrarra- dical Guilherme Boulos. O conflito entre uma agenda modernizadora do país e a de uma volta ao populismo estatizante e inflacionário passará a configu- rar-se como predominante eixo de polarização no embate presiden- cial de 2018. Num contexto em que a convergência, conclusiva, em favor do candidato mais competitivo do campo reformista se dará num processo tenso e demorado, sujeito a influências e desdobra- mentos das investigações da Lava-Jato. E envolvendo legítimas disputas internas nos principais partidos e entre estes e movimen- tos de setores empresariais, de forte teor reformista, fortalecidos pelo elevado déficit de credibilidade que afeta significativamente os primeiros. Os quais, porém, deverão prevalecer, apoiados sobre- tudo nas regras partidárias e eleitorais estabelecidas. A configuração (do referido eixo) começa a evidenciar-se no intenso debate sobre as MPs publicadas no Diário Oficial da União, de 31 de outubro (que vão garantir ao Tesouro Nacional R$ 12,6 bilhões de recursos extras, com economia de despesas e aumento de receita) e a retomada da PEC da Previdência (na tentativa da aprovação de pontos básicos do relatório produzido no Senado, meses atrás). O enfrentamento decidido da crise fiscal, de par com a proposta do Executivo dos critérios de privatização da Eletrobras, motiva- rão, de um lado, agressivas reações corporativas e esquerdistas. E, de outro, deverão favorecer a reafirmação de posturas reformis- tas de grande parte da bancada de deputados do PSDB, bem como da do PPS e de parlamentares de outros partidos com posturas similares que – a meu ver, compreensivelmente mas equivocada- mente – posicionaram-se pelo acolhimento da denúncia da PGR de Janot contra o presidente. Quanto ao oposicionista Jair Bolsonaro certamente tentará, nesse debate, combinar a capitalização do aumento da criminali- dade (que é seu forte) com votos contrários às MPs restritivas de ganhos da elite do funcionalismo. Reformas versus corporações e populismos 67