tiva, aprimorar a democracia participativa e instituir mecanismos
cada vez mais necessários da democracia direta.
Portanto, é difícil afirmar diante das incertezas da política
para onde caminha o Brasil, mas seguramente o rumo certo será
dado na medida em que o maior número de cidadãos tiver a capa-
cidade de se reunir, refletir e agir com isenção, responsabilidade,
consciência, ética, equilíbrio, maturidade e espírito coletivo para
enfrentar os desafios que se colocam à nossa frente. Que essas
dores do crescimento sejam apenas sintomas naturais da cons-
trução de uma verdadeira nação.
Refundar a Esquerda Democrática?
Depois de fundada pelo Partidão na década de 20, aprofun-
dada pelo Partido dos Trabalhadores na década de 80, infundada
pela clonagem de legendas com o mesmo DNA petista nas décadas
de 90 e 2000, e finalmente afundada pelos chamados governos de
coalizão (feat corrupção) de Lula e Dilma, parece ter chegado a
hora de refundar a esquerda brasileira com os sobreviventes deste
período paleolítico e potenciais agregados, como jovens ativistas,
sustentabilistas, socialdemocratas e hackers da nova política.
Não que seja tarefa simples, a começar pela definição do que é
ser de esquerda ou de direita hoje. Diante da complexidade do
mundo atual, o binarismo ideológico se torna cada vez mais obso-
leto, extemporâneo e inconclusivo. Isto se já não bastasse, além
do fracasso do socialismo no mundo, o PT ter enxovalhado esse
conceito teórico sem nunca ter executado minimamente um
programa de esquerda – vide os exemplos petistas em administra-
ções municipais, estaduais e no governo federal.
As experiências mais próximas vivenciadas pelo Brasil com o
que se convencionou chamar de esquerda não passaram de
discursos oposicionistas e, no governo, de flertes esporádicos:
com o trabalhismo populista de Getúlio Vargas, a brevidade de
Jan go entre o parlamentarismo oportunista e o golpe de 64, e
posteriormente com os acenos à socialdemocracia de FHC e Lula,
sendo o tucano – que surfava na onda do Real – prejudicado pelo
casamento arranjado com o PFL e por episódios como a compra de
votos para a reeleição; e o petista, apesar do sucesso de políticas
compensatórias e ações de combate à miséria, por ter se rendido
a tudo aquilo que o PT prometia enfrentar desde a sua criação.
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Mauricio Huertas