O imprevisível 2018 PD49 | Page 117

ção ; e de muito mais – em favor da política pública não só de cultura , como de desenvolvimento .
O que se depreende disso , portanto ?
Primeiro , que pouco adianta defender o reconhecimento do potencial econômico da cultura , se um passo ainda mais fundamental não tiver sido dado antes : o desenho de uma política pública clara , com base no contexto local . Em outras palavras , conforme o ditado que se costuma atribuir ao pensador grego Sêneca , “ Se você não sabe para que porto está velejando , nenhum vento é bom ”. Esta é uma questão de singular importância em um país como o Brasil , no qual dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ( IBGE ) 1 atestam que , em 2006 , não menos de 42,1 % dos municípios não tinham política municipal de cultura .
Segundo , que economia é muito mais do que mercado . O que nos remete , afinal , a entender o que é economia . Etimologicamente , vem da junção de duas palavras gregas : oikos ( casa ) e nomos ( costumes , hábitos , leis ). “ Administração da casa “, “ administração do lar ”, “ administração do local onde vivemos ”, como já aparecia em algumas das preocupações de Aristóteles , sob uma ótica muito ligada à questão da filosofia política . A economia tem em seu epicentro , portanto , a sociedade e as pessoas . Ela deita raízes na filosofia moral , daí o porquê de muitos escritos econômicos dedicarem‐se ao debate sobre a ética . E aqui surge um dilema interessante : o que é mais importante , a justiça distributiva ou a eficiência alocativa ? Em outras palavras , é melhor utilizar os recursos da forma mais eficiente possível ou fazê‐lo da forma mais justa possível ? E é aí , mais uma vez , que se vê a importância de ter uma política cultural com objetivos claramente definidos .
1 “ Perfil das Informações Básicas Municipais ”, base 5.561 municípios .
Economia criativa , cidades e o futuro do trabalho
115