Vargas, quando investido na Presidência da República, convo-
cou vários engenheiros da Escola de Minas a participar do Projeto
da Petrobras, compondo praticamente seus primeiros quadros.
Tal processo se aprofundaria com a formação da Universidade
Federal de Ouro Preto (UFOP), em 1969. O fato é que a cidade ia
se transformando. Em 1888, foi inaugurado um ramal férreo
ligando Ouro Preto à Ponte Nova e daí até à capital do Império, Rio
de Janeiro. No ano de 1897, a capital da Província de Minas foi
transferida para Belo Horizonte que, ao contrário da antiga capi-
tal, era planejada e seguia um moderno plano urbanístico.
Por que Ouro Preto
Em 1981, fui convocada, juntamente com o advogado Eduardo
Gabarra, para elaborar um projeto do que seria a quarta unidade
da Universidade Federal de Ouro Preto, o Instituto de Artes e
Cultura (IAC/Ufop), patrocinado pela Reitoria da mencionada
Universidade e financiado pela Fundação Roberto Marinho, à
época dirigida por José Carlos Barbosa de Oliveira.
Não sabíamos exatamente o que institucionalmente ocorria
naquela cidade Patrimônio Nacional com relação à dinâmica
cultural proposta pelo CNRC, inserido na Pró-Memória.
Mas havíamos sido convidados, de alguma forma, para elabo-
rar um projeto de criação de um instituto voltado para a preserva-
ção do patrimônio. Quando lá chegamos, encontramos um convê-
nio em andamento, firmado entre o Iphan, a Ufop e a Prefeitura
Municipal de Ouro Preto (PMOP), inspirado na linha de pensa-
mento de Aloísio Magalhães. O grupo que assumiu a implementa-
ção do projeto o fez interpretando a realidade à luz das demandas
sociais da cidade e sua periferia e também da Zona Rural, o que
implicava uma certa divergência entre a diretriz inicial, voltada
para a defesa do acervo de Pedra e Cal, e outro projeto, mais
próximo de uma política de valorização da cultura comunitária.
Segundo o ambientalista Flavio Andrade, técnico da Ufop e entu-
siasta desse projeto, este “foi fruto de seminários e discussões logo
após as fortes chuvas de 1979, que fizeram estrago considerável na
cidade. A ideia era unir esforços para preservar melhor o patrimô-
nio e incentivar a atividade artístico-cultural em Ouro Preto”.
Tal afirmação indicava um deslocamento do conceito tradicional
de patrimônio em direção à defesa de manifestações culturais espon-
tâneas, passiveis de dinamizar econômica e socialmente a região.
198
Cleia Schiavo Weyrauch