O imprevisível 2018 PD49 | Page 200

Vargas, quando investido na Presidência da República, convo- cou vários engenheiros da Escola de Minas a participar do Projeto da Petrobras, compondo praticamente seus primeiros quadros. Tal processo se aprofundaria com a formação da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), em 1969. O fato é que a cidade ia se transformando. Em 1888, foi inaugurado um ramal férreo ligando Ouro Preto à Ponte Nova e daí até à capital do Império, Rio de Janeiro. No ano de 1897, a capital da Província de Minas foi transferida para Belo Horizonte que, ao contrário da antiga capi- tal, era planejada e seguia um moderno plano urbanístico. Por que Ouro Preto Em 1981, fui convocada, juntamente com o advogado Eduardo Gabarra, para elaborar um projeto do que seria a quarta unidade da Universidade Federal de Ouro Preto, o Instituto de Artes e Cultura (IAC/Ufop), patrocinado pela Reitoria da mencionada Universidade e financiado pela Fundação Roberto Marinho, à época dirigida por José Carlos Barbosa de Oliveira. Não sabíamos exatamente o que institucionalmente ocorria naquela cidade Patrimônio Nacional com relação à dinâmica cultural proposta pelo CNRC, inserido na Pró-Memória. Mas havíamos sido convidados, de alguma forma, para elabo- rar um projeto de criação de um instituto voltado para a preserva- ção do patrimônio. Quando lá chegamos, encontramos um convê- nio em andamento, firmado entre o Iphan, a Ufop e a Prefeitura Municipal de Ouro Preto (PMOP), inspirado na linha de pensa- mento de Aloísio Magalhães. O grupo que assumiu a implementa- ção do projeto o fez interpretando a realidade à luz das demandas sociais da cidade e sua periferia e também da Zona Rural, o que implicava uma certa divergência entre a diretriz inicial, voltada para a defesa do acervo de Pedra e Cal, e outro projeto, mais próximo de uma política de valorização da cultura comunitária. Segundo o ambientalista Flavio Andrade, técnico da Ufop e entu- siasta desse projeto, este “foi fruto de seminários e discussões logo após as fortes chuvas de 1979, que fizeram estrago considerável na cidade. A ideia era unir esforços para preservar melhor o patrimô- nio e incentivar a atividade artístico-cultural em Ouro Preto”. Tal afirmação indicava um deslocamento do conceito tradicional de patrimônio em direção à defesa de manifestações culturais espon- tâneas, passiveis de dinamizar econômica e socialmente a região. 198 Cleia Schiavo Weyrauch