Capitulo 1 - Predito o Destino do Mundo
“ Ah ! se tu conhecesses também , ao menos neste teu dia , o que à tua paz pertence ! mas agora isto está encoberto aos teus olhos . Porque dias virão sobre ti , em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras , e te sitiarão , e te estreitarão de todas as bandas ; e te derribarão , a ti e aos teus filhos que dentro de ti estiverem ; e não deixarão em ti pedra sobre pedra , pois que não conheceste o tempo da tua visitação .”
Do cimo do Monte das Oliveiras , Jesus olhava sobre Jerusalém . Lindo e calmo era o cenário que diante dEle se desdobrava . Era o tempo da Páscoa , e de todas as terras os filhos de Jacó se haviam ali reunido para celebrar a grande festa nacional . Em meio de hortos e vinhedos , e declives verdejantes juncados das tendas dos peregrinos , erguiam-se as colinas terraplenadas , os majestosos palácios e os maciços baluartes da capital de Israel . A filha de Sião parecia dizer em seu orgulho : “ Estou assentada como rainha , e não ... verei o pranto ”, sendo ela tão formosa então e julgando-se tão segura do favor do Céu como quando , séculos antes , o trovador real cantara : “ Formoso de sítio , e alegria de toda a terra é o monte de Sião ... a cidade do grande Rei .” Salmos 48:2 .
Bem à vista estavam os magnificentes edifícios do templo . Os raios do Sol poente iluminavam a brancura de neve de suas paredes de mármore e punham reflexos no portal de ouro , na torre e pináculo . Qual “ perfeição da formosura ”, levantava-se ele como o orgulho da nação judaica . Que filho de Israel poderia contemplar aquele cenário sem um estremecimento de alegria e admiração ?! Entretanto , pensamentos muito diversos ocupavam a mente de Jesus . “ Quando ia chegando , vendo a cidade , chorou sobre ela .” Lucas 19:41 . Por entre o universal regozijo de Sua entrada triunfal , enquanto se agitavam ramos de palmeiras , enquanto alegres hosanas despertavam ecos nas colinas , e milhares de vozes O aclamavam Rei , o Redentor do mundo achava-Se oprimido por súbita e misteriosa tristeza . Ele , o Filho de Deus , o Prometido de Israel , cujo poder vencera a morte e do túmulo chamara a seus cativos , estava em pranto , não em conseqüência de uma mágoa comum , senão de agonia intensa , irreprimível .
Suas lágrimas não eram por Si mesmo , posto que bem soubesse para onde Seus passos O levariam . Diante dEle jazia o Getsêmani , cenário de Sua próxima agonia . Estava também à vista a porta das ovelhas , através da qual durante séculos tinham sido conduzidas as vítimas para o sacrifício , e que se Lhe deveria abrir quando fosse “ como um cordeiro ” “ levado ao matadouro .” Isaías 53:7 . Não muito distante estava o Calvário , o local da crucifixão . Sobre o caminho que Cristo logo deveria trilhar , cairia o terror de grandes trevas ao fazer Ele de Sua alma uma oferta pelo pecado . Todavia , não era a contemplação destas cenas que lançava sobre Ele aquela sombra , em tal hora de alegria . Nenhum sinal de Sua própria angústia sobrehumana nublava aquele espírito abnegado . Chorava pela sorte dos milhares de Jerusalém -por causa da cegueira e impenitência daqueles que Ele viera abençoar e salvar .
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