O Golpe – Brics, Dólar e Petróleo Euclides_Mance_O_Golpe_Brics_Dolar_e_Petroleo | Page 47
1. Brasil e BRICS
do bloco e junto a seus parceiros comerciais na América Latina,
Europa, Ásia e África. [53]
A consolidação dessas estratégias de cooperação entre Bra-
sil, China, Rússia e Venezuela mostrava-se mais grave ainda aos
Estados Unidos, quando consideramos que todos os campos de
petróleo, após alcançarem seu pico de exploração, entram numa
fase de declínio e que
poucos países continuarão, a longo prazo, tendo grande produção de
petróleo e manter-se-ão como exportadores mundiais [...]. A busca
incessante por parte das grandes companhias de petróleo por reser-
vas vai de encontro às mudanças setoriais que vem ocorrendo desde
o início da década de 1990 na América do Sul. (CAMPOS, 2005)
[54]
Como veremos, a substituição dos campos de petróleo en-
tão explorados pela Chevron, Exxon-Mobil e outras companhias
norte-americanas era um dos elementos críticos para a manuten-
ção da rentabilidade dessas companhias. E o pré-sal brasileiro,
no contexto mundial, mostrava-se a elas, por assim dizer, como
uma “tábua de salvação” – usando a expressão de Cláudio Olivei-
ra, ex-economista da Petrobras [55].
Por fim, como previsto em lei, a aplicação da maior parte
dos royalties do pré-sal seria em educação. Isso consolidaria no
longo prazo, o desenvolvimento científico e tecnológico brasileiro,
como resultado das políticas de educação, pesquisa e desenvolvi-
mento, sustentadas com os recursos do Fundo Social do Pré-Sal
– o que poderia colocar as forças produtivas do país num novo
patamar no contexto global, fortalecendo ainda mais os BRICS e
o Mercosul.
De fato, aos Estados Unidos não interessava que o Brasil se
consolidasse como a quinta maior economia global e seguisse
avançando na difusão do modelo de desenvolvimento socioeco-
nômico com distribuição de renda, com suas alianças no interior
da América Latina e África.
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