O Golpe – Brics, Dólar e Petróleo Euclides_Mance_O_Golpe_Brics_Dolar_e_Petroleo | Page 292
5. Golpes de Estado Recentes na América Latina
A Crescent lançou [...] uma agressiva campanha de imprensa no Pa-
raguai com uma série de seis artigos consecutivos nos jornais mais
influentes do país. Os artigos apresentavam a Crescent como uma
séria companhia petrolífera americana, descreviam os planos trun-
cados da empresa para explorar suas concessões no Chaco e Alto
Paraná, detalhavam o tratamento irregular e arbitrário do caso pelo
Ministério das Obras Públicas (MOPC) e discutiam as consequên-
cias negativas da disputa para o clima de investimento no Paraguai.
Os artigos também discutiram o papel do, agora confirmado, en-
volvimento do Grupo Equatoriano Equipetrol através da Lan Oil,
empresa que a Crescent argumentou, desde o início, estava por trás
da súbita mudança, pela MOPC, das “regras do jogo”. [...] Gonza-
lez também apareceu em 26 de agosto em dois populares programas
de televisão locais de entrevistas em Assunção. Na mais dramática
das duas aparições, Gonzalez e sua equipe jurídica se engajaram em
uma discussão acalorada com o Vice-Ministro de Energia [...] e o
Diretor de Hidrocarbonetos do MOPC [...]. Segundo a maioria das
avaliações, o intercâmbio televisionado expôs o viés do MOPC em
relação à Lan Oil, impactando negativamente na credibilidade do
MOPC. 137 (IDEM) [590]
[...] Apesar dos vigorosos esforços de advocacia comercial do Posto
[...], o Governo do Paraguai e a Crescente estão engajados em uma
batalha judicial crescente e pública. O caso da Crescent tem o po-
tencial de impactar negativamente o futuro investimento dos EUA e
nossas relações comerciais bilaterais. 138 (IDEM) [591]
Nada podemos afirmar sobre a pertinência das denúncias.
Mas esse contexto de disputas em torno de jazidas de petróleo na
região do Chaco, de críticas norte-americanas às relações entre
Petropar e PDVSA e de maior integração econômica da Vene-
zuela na região devem ser levadas em conta para a compreensão
do Golpe de Estado desfechado no Paraguai com a deposição do
presidente Lugo.
A Validação do Golpe
A missão da OEA, liderada por José Miguel Insulza – que
foi ao Paraguai, após o impeachment, com representantes alia-
dos dos EUA para averiguar a crise existente – era composta pela
embaixatriz dos EUA na OEA e pelos embaixadores do Haiti,
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