O elo obscuro brasileiro 64 | Page 7

Tortura

As torturas ocorriam dentro dos presídios e dos prédios do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) e do DOI/CODI (Destacamento de Operações e de Informação e o Centro de Operações de Defesa Interna). Os militares aprenderam muitas das técnicas na Escola das Américas – construída e administrada pela CIA, no Panamá. Entre os diversos métodos de tortura, dois eram os meios mais comuns, o ''Pau-de-arara'' e a ''cadeira do dragão''. O primeiro desses os torturados eram presos, com a cabeça para baixo a cerca de 30cm do chão, em uma barra de ferro presa entre os braços e pernas dobrados. Não raro este método era acompanhado de afogamento com querosene nas narinas e/ou água pela boca, tal como a introdução de insetos vivos no órgão genital feminino. Já o segundo método se tratava de uma cadeira elétrica revestida de zinco onde os presos sentavam, nus, com um balde de metal na cabeça – tanto a cadeira como o balde eram ligados a terminais elétricos. O torturado era banhado com água e muitas vezes era obrigado a comer sal para aumentar a intensidade dos choques na boca que, seca, fazia o indivíduo morder a própria língua, causando graves ferimentos.

As imagens abaixo apresentam a situação em que os presos viviam na época, a foto foi tirada

dentro do Memorial da Resistência de São Paulo, confira:

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Foto: Borsolan, Victor 2018

Foto: Borsolan, Victor 2018

A REDEMOCRATIZAÇÃO

A aproximação da redemocratização ainda teve muita resistência militar contra o fim da ditadura, como no dia 30 de abril de 1981, apesar de não ter sido provado que foi provocada por militares de linha dura, uma bomba explodiu durante um show no centro de convenções do Rio Centro. O último ano de governo de Figueiredo, em 1985, seu sucessor foi escolhido: Tancredo Neves, entretanto, antes de assumir o poder acabou falecendo por questões de saúde, desse modo o vice-presidente José Sarney o substituiu. Diante de uma análise das memórias de dois ideólogos do regime militar, Armando Falcão e Hugo Abreu, é possível observar visões semelhantes sobre o tema, mas também distintas, como pode ser notado no fato de o primeiro afirmar que foi algo que salvou o país, conseguindo proporcionar mudanças positivas, entretanto não chega a se referir muito ao que diz respeito às questões sociais, considerando os erros cometidos necessários para alcançar a ordem, autoridade e responsabilidade proporcionados pela democracia, logo, os equívocos são vistos como pequenos quando comparados às transformações realizadas. Já Abreu, acredita que os anos de

ditadura não cumpriram suas promessas, diz que os fortes impactos sociais, foram grandes equívocos do movimento, chegando a criticar severamente o sistema exagerado de aplicação de tortura. Apesar da divergência, os dois esperavam que o movimento garantisse um país democrático. Em 1988, a nova constituição do Brasil apagou a ditadura militar, concretizando assim a volta dos ideais democráticos.