O Desejado de Todas as Nacões por Ellen G. White 1 | Page 88

absorvente . Um contido despertar domina a assistência . Pequenos grupos conversam entre si em tom vivo mas dominado , lançando olhares indagadores para o Filho de Maria .
Ao ouvir esta o testemunho dos discípulos quanto a Jesus , alegrara-se com a certeza de não haverem sido vãs suas tão longamente acariciadas esperanças . Entretanto , teria ela sido mais que humana , não se lhe houvesse misturado a essa santa alegria um traço do natural orgulho de mãe amorosa . Ao ver os muitos olhares voltados para Jesus , anelava que Ele demonstrasse aos assistentes ser realmente o Honrado de Deus . Esperava que houvesse oportunidade de Ele operar um milagre diante deles . Era costume , naqueles tempos , que as festas de casamento continuassem por vários dias . Verificou-se nessa ocasião , antes do fim da festa , haver-se esgotado a provisão de vinho . Isso causou muita perplexidade e desgosto . Era coisa fora do comum dispensar o vinho em ocasiões festivas , e a ausência do mesmo pareceria indicar falta de hospitalidade . Como parenta dos noivos , Maria ajudara nos preparativos da festa , e falou agora a Jesus , dizendo : “ Não têm vinho ”. Essas palavras eram uma sugestão de que Ele poderia suprir a necessidade .
Mas Jesus respondeu : “ Mulher , que tenho eu contigo ? ainda não é chegada a Minha hora ”. João 2:3 , 4 . Essa resposta , abrupta como nos possa parecer , não exprimia frieza nem descortesia . A maneira de o Salvador Se dirigir a Sua mãe , estava em harmonia com os costumes orientais . Era empregada para com pessoas a quem se desejava mostrar respeito . Todo ato da vida terrestre de Cristo estava em harmonia com o preceito dado por Ele próprio : “ Honra a teu pai e a tua mãe ”. Êxodo 20:12 . Na cruz , em Seu último ato de ternura para com Sua mãe , Jesus dirigiu-Se a ela da mesma maneira , ao confiá-la ao cuidado do mais amado discípulo . Tanto na festa nupcial como ao pé da cruz , o amor expresso no tom , no olhar e na maneira , era o intérprete de Sua palavras . Em Sua visita ao templo , na infância , ao desvendar-se diante dEle o mistério de Sua obra , Cristo dissera a Maria : “ Não sabeis que Me convém tratar dos negócios de Meu Pai ?” Lucas 2:49 . Essas palavras ferem a nota tônica de toda a Sua vida e ministério . Tudo estava subordinado a Sua obra , a grande obra de redenção para cujo cumprimento viera ao mundo . Agora , repetiu a lição . Havia risco de Maria olhar a suas relações com Jesus como lhe dando sobre Ele especial direito , bem como o de , até certo ponto , O dirigir em Sua missão . Ele lhe fora por trinta anos Filho obediente e amoroso , e Seu amor não mudara ; agora , porém , Lhe cumpria tratar da obra do Pai . Como Filho do Altíssimo , e Salvador do mundo , laço algum terrestre O deve afastar de Sua missão , ou influenciar-Lhe o procedimento . Deve estar livre para fazer a vontade de Deus . Essa lição destina-se também a nós . Os direitos de Deus são superiores mesmo aos laços das relações humanas . Nenhuma atração terrestre nos deve desviar os pés da vereda que Ele nos manda trilhar .
A única esperança de redenção para nossa caída raça , está em Cristo ; Maria só podia encontrar salvação mediante o Cordeiro de Deus . Não possuía em si mesma nenhum mérito . Seu parentesco com Jesus não a colocava para com Ele em posição diversa ,
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