contemplavam os anjos o infinito amor de Jesus , que , sofrendo a mais intensa agonia física e mental , pensava apenas nos outros e animava a arrependida alma a crer . Em Sua humilhação , dirigira-Se , como profeta , às filhas de Jerusalém ; como sacerdote e advogado , intercedera com o Pai pelo perdão de Seus assassinos ; como amorável Salvador perdoara os pecados do arrependido ladrão . Enquanto o olhar de Jesus vagueava pela multidão que O cercava , uma figura Lhe prendeu a atenção . Ao pé da cruz se achava Sua mãe , apoiada pelo discípulo João .
Ela não podia suportar permanecer longe de seu Filho ; e João , sabendo que o fim se aproximava , trouxera-a de novo para perto da cruz . Na hora de Sua morte , Cristo lembrou- Se de Sua mãe . Olhando-lhe o rosto abatido pela dor , e depois a João , disse , dirigindo-Se a ela : “ Mulher , eis aí o teu filho ”; e depois a João : “ Eis aí tua mãe ”. João 19:26 , 27 . João entendeu as palavras de Cristo , e aceitou o encargo . Levou imediatamente Maria para sua casa , e daquela hora em diante dela cuidou ternamente . Ó piedoso , amorável Salvador ! por entre toda a Sua dor física e [ 532 ] mental angústia , teve solícito cuidado para com Sua mãe ! Não possuía dinheiro com que lhe provesse o conforto ; achava-Se , porém , entronizado na alma de João , e entregou-lhe Sua mãe como precioso legado . Assim providenciou para ela aquilo de que mais necessitava — a terna simpatia de alguém que a amava porque ela amava a Jesus . E , acolhendo-a como santo legado , estava João recebendo grande bênção . Ela lhe era uma contínua recordação de seu querido Mestre . O perfeito exemplo do amor filial de Cristo resplandece com não esmaecido brilho por entre a neblina dos séculos . Durante cerca de trinta anos Jesus , por Sua labuta diária , ajudara nas responsabilidades domésticas .
E agora , mesmo em Sua última agonia , Se lembra de providenciar em favor de Sua mãe viúva e aflita . O mesmo espírito se manifestará em todo discípulo de nosso Senhor . Os que seguem a Cristo sentirão ser uma parte de sua religião respeitar os pais e proverlhes as necessidades . O pai e a mãe nunca deixarão de receber , do coração em que se abriga o amor de Cristo , solícito cuidado e terna simpatia . E agora , estava a morrer o Senhor da glória , o Resgate da raça . Entregando a preciosa vida , não foi Cristo sustido por triunfante alegria . Tudo eram opressivas sombras . Não era o temor da morte que O oprimia . Nem a dor e a ignomínia da cruz Lhe causavam a inexprimível angústia . Cristo foi o príncipe dos sofredores ; mas Seu sofrimento provinha do senso da malignidade do pecado , o conhecimento de que , mediante a familiaridade com o mal , o homem se tornara cego à enormidade do mesmo .
Cristo viu quão profundo é o domínio do pecado no coração humano , quão poucos estariam dispostos a romper com seu poder . Sabia que , sem o auxílio divino , a humanidade devia perecer , e via multidões perecerem ao alcance de abundante auxílio . Sobre Cristo como nosso substituto e penhor , foi posta a iniqüidade de nós todos . Foi contado como transgressor , a fim de que nos redimisse da condenação da lei . A culpa de todo descendente
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