O Desejado de Todas as Nacões por Ellen G. White 1 | Page 254

Pensando ainda que era à comida temporal que Jesus Se referia , alguns dos ouvintes exclamaram : “ Senhor , dá-nos sempre desse pão .” Jesus falou então abertamente : “ Eu sou o pão da vida .” A figura empregada por Cristo era familiar aos judeus . Moisés , por inspiração do Espírito Santo , dissera : “ O homem não viverá só de pão , mas [...] de tudo o que sai da boca do Senhor .” E o profeta Jeremias escrevera : “ Achando-se as Tuas palavras , logo as comi , e a Tua palavra foi para mim o gozo do meu coração ”. Deuteronômio 8:3 ; Jeremias 15:16 .
Os próprios rabinos costumavam dizer que o comer do pão , em seu sentido espiritual , era o estudo da lei e a prática das boas obras ; e dizia-se muitas vezes que , na vinda do Messias , todo o Israel seria alimentado . O ensino dos profetas tornava clara a profunda lição espiritual no milagre dos pães . Essa lição estava Cristo procurando patentear aos Seus ouvintes na sinagoga . Houvessem entendido as Escrituras , e teriam compreendido Suas palavras quando disse : “ Eu sou o pão da vida .” Apenas na véspera a grande multidão , faminta e cansada , se alimentara do pão por Ele dado . Como daquele pão tinham recebido força física e refrigério , assim poderiam receber de Cristo vigor espiritual para a vida eterna . “ Aquele que vem a Mim não terá fome , e quem crê em Mim nunca terá sede .” Mas acrescentou : “ Vós Me vistes , e contudo não credes .”
Tinham visto Cristo pelo testemunho do Espírito Santo , pela revelação de Deus a sua alma . As vivas evidências de Seu poder estiveram perante eles dia após dia ; mas pediam ainda outro sinal . Houvesse este sido dado , e permaneceriam tão incrédulos como antes . Se não se convenciam pelo que tinham visto e ouvido , inútil seria mandar-lhes mais obras maravilhosas . A incredulidade encontrará sempre desculpa para a dúvida , e raciocinará negativamente sobre a mais positiva prova . Novamente apelou Cristo para aqueles corações obstinados . “ O que vem a Mim de maneira nenhuma o lançarei fora .” Todo aquele que O recebesse com fé , disse Ele , havia de ter a vida eterna . Nenhum se podia perder . Não havia necessidade de os fariseus e os saduceus discutirem quanto à vida futura . Não mais precisariam os homens prantear , em desesperado desgosto , a morte dos queridos . “ E a vontade dAquele que Me enviou é esta : que todo aquele que vê o Filho , e crê nEle , tenha a vida eterna ; e Eu o ressuscitarei no último dia .” Mas os guias do povo se ofenderam , e “ diziam : Não é este Jesus , o filho de José , cujo pai e mãe nós conhecemos ? Como pois diz Ele : Desci do Céu ?”
Procuravam suscitar preconceito , referindo-se escarnecedoramente à humilde origem de Jesus . Com desdém aludiam a Sua vida como operário galileu , e a Sua família como sendo pobre e humilde . As pretensões desse iletrado Carpinteiro , diziam , eram indignas de atenção . E , em razão de Seu misterioso nascimento , insinuavam que era de duvidosa paternidade , apresentando assim as circunstâncias humanas desse nascimento como uma mancha em Sua história . Jesus não tentava explicar o mistério de Seu nascimento . Não respondeu às perguntas quanto a ter descido do Céu , como não dera resposta quanto à
253