de Deus . Mas dia a dia , em contraste com seu próprio espírito violento , contemplava a ternura e longanimidade de Jesus , e aprendia-Lhe as lições de humildade e paciência . Abriu o coração à divina influência , e tornou-se , não somente ouvinte , mas cumpridor das palavras do Mestre . O próprio eu escondeu-se em Cristo . Aprendeu a levar o jugo de Jesus , a suportar-Lhe o fardo . Jesus reprovava Seus discípulos , advertia-os e avisava-os ; mas João e seus irmãos não O deixavam ; preferiam a Jesus , apesar das reprovações . O Salvador não Se afastava deles por causa de suas fraquezas e erros . Continuaram até ao fim a partilhar- Lhe as provações e aprender as lições de Sua vida . Contemplando a Cristo , transformaramse no caráter .
Os apóstolos diferiam largamente em hábitos e disposição . Havia o publicano Levi Mateus e o ardente zelote Simão , o intransigente inimigo da autoridade romana ; o generoso e impulsivo Pedro , e Judas , de vil espírito ; Tomé , leal , se bem que tímido e temeroso ; Filipe , tardio de coração e inclinado à dúvida , e os ambiciosos e francos filhos de Zebedeu , com seus irmãos . Estes foram reunidos , com suas diferentes faltas , todos com herdadas e cultivadas tendências para o mal ; mas , em Cristo e por meio dEle , deviam fazer parte da família de Deus , aprendendo a tornar-se um na fé , na doutrina , no espírito . Teriam suas provas , suas ofensas mútuas , suas divergências de opinião ; mas enquanto Cristo habitasse no coração , não poderia haver discórdia .
Seu amor levaria ao amor de uns pelos outros ; as lições do Mestre conduziriam à harmonização de todas as diferenças , pondo os discípulos em unidade , até que fossem de um mesmo espírito , de um mesmo parecer . Cristo é o grande centro , e eles se deveriam aproximar uns dos outros exatamente na proporção em que se aproximassem do centro . Quando Cristo concluiu as instruções aos discípulos , reuniu em torno de Si o pequeno grupo , bem achegados a Ele e , ajoelhando no meio deles e pondo-lhes as mãos sobre a cabeça , fez uma oração consagrando-os à Sua sagrada obra . Assim foram os discípulos do Senhor ordenados para o ministério evangélico .
Cristo não escolheu , para Seus representantes entre os homens , anjos que nunca pecaram , mas seres humanos , homens semelhantes em paixões àqueles a quem buscavam salvar . Cristo tomou sobre Si a humanidade , a fim de chegar à humanidade . A divindade necessitava da humanidade ; pois era necessário tanto o divino como o humano para trazer salvação ao mundo . A divindade necessitava da humanidade , a fim de que esta proporcionasse meio de comunicação entre Deus e o homem . O mesmo se dá com os servos e mensageiros de Cristo . O homem necessita de um poder fora e acima dele , para restaurálo à semelhança com Deus e habilitá-lo a fazer Sua obra ; isso , porém , não faz com que o instrumento humano deixe de ser essencial .
A humanidade apodera-se do poder divino , Cristo habita no coração pela fé ; e , por meio da cooperação com o divino , o poder do homem torna-se eficiente para o bem . Aquele
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