Ano XV | Edição 35 | 35
Responsabilidades do Maçom dentro e fora do Templo
Conhecer a fundo a instituição que integramos , a Maçonaria , é um tema tão importante que deve ser incluído nos discursos de recepção aos nossos neófitos , e constantemente relembrado nas Sessões Ritualísticas .
Por diversas vezes ouvimos que a Instituição carece de objetivos , de ações concretas , de uma atuação mais incisiva na sociedade . Esta percepção é um claro diagnóstico de que pouco ou nada conhecemos a sua história , inclusive estendendo nossos olhares para sua atuação em outros países , pois poderemos aprender com os erros históricos cometidos e também os acertos e sucessos de projetos capitaneados pela Maçonaria .
As lojas são ambientes ideais e dedicados a formação do maçom , entre os inúmeros assuntos e temas que devem ser ministrados , deixar de ensinar a história da Potência que integra é falta grave da oficina . Infelizmente são poucas as Lojas que dispõe de um calendário pedagógico , onde são elencados as matérias que serão abordadas para atingir os objetivos de formar uma Maçom que conheça a História , a Filosofia e a Liturgia .
Na prática não é o que ocorre , há uma preocupação maior com atividades administrativas e sociais , destinando pouca atenção as instruções , realizando somente a leitura de dos rituais oficiais , sem maior aprofundamento , e desta forma esvaziando o ensino maçônico , salvo se algum Irmão mais “ intelectualizado ” avocar a tarefa de instruir .
Outra saída , para esta inércia , que por comodidade é a mais aceita e incentivada é que cada maçom deveria buscar por si , o conhecimento , as informações que lhe aprouvesse no tocante a cultura , portanto seriam buscadores perdidos a esmo e mal direcionados , e até mesmo fazendo um desserviço à maçonaria , repetindo erros e divulgando visões distorcidas de temas já pacificados . Além é claro , da falta de uma rigorosa metodologia acadêmica na abordagem dos assuntos , conduzindo a trabalhos com contribuições medianas , não proporcionado reflexões instigadoras e aprofundamentos dos temas .
Porém estamos cientes que ao ingressarmos na Maçonaria , juramos o respeito aos seus estatutos , regulamentos e acatamento às resoluções da maioria , tomadas de acordo com os princípios que a regem , bem como , o amor à Pátria , crença no GADU , respeito aos governos legalmente constituídos e acatamento às leis do nosso país . E mais , aos
nossos dirigentes maçônicos , que pela posição que ocupam tem a obrigação de pensar os problemas que a Instituição apresenta , entres eles , o que estamos abordando – A Responsabilidade do Maçom .
Retomando a questão da responsabilidade maçônica dentro e fora dos Templos , é imperioso saber que não pode ser tratada de modo simplista e sem base no fundamento filosófico . A Maçonaria sempre foi o fórum ideal para se discutir a problemática da sociedade em que vivemos , como bem atestam as contribuições da Ordem à história universal . Temos consciência que a Ética é você ser responsável por você , por seu próximo e por onde você vive . Nós , os Maçons , temos condições de gerar atitudes e condições de responsabilidade social , acrescentando que a nossa ação é reflexo da nossa responsabilidade ; a nossa responsabilidade é reflexo da nossa consciência , por isso é que os Maçons devem gerar ações que integrem a maior lisura , uma lisura que ninguém mais tem no mesmo nível .
O comportamento responsável de um Maçom deve pautar-se pela ética , tolerância , sabedoria , caridade , justiça e perseverança .
Os atributos a pouco citados estão presentes em nossos rituais e nas diversas peças de arquitetura que assistimos em nossos templos . Desejo destacar o último , a perseverança , não que seja a mais importante , mas a que maior contribuição terá se a executarmos .
A maior empreitada do homem é sua própria vida e não tem nenhuma garantia que será bem sucedido , entretanto , pelo acumulo de conhecimentos , muitos de experiências frustradas , ele sabe que a alternativa é prosseguir , lutando contras as adversidades
e incertezas , fazendo aliados , acreditando no Supremo Arquiteto dos Mundos e persistindo no rumo do seu objetivo .
A perseverança é uma qualidade pois significa a firmeza , a constância com que devemos nos empenhar em nossas atividades , porém atentos e sempre atualizados porque tudo muda e nos precisamos mudar nossas atitudes e nosso comportamento para não persistirmos em erro .
Precisamos interagir com os indivíduos da sociedade para concretização dos processos de mudança . Devemos criar sempre o estado de dúvida sobre as efetivas possibilidades de sucesso porque mexemos com um conjunto de informações e vagas lembranças misturadas , às vezes , com preconceitos e frustrações .
Para a interação com as pessoas é necessário que exista , entre elas , um relacionamento que proporcione um mínimo de confiança mútua . Havendo este ambiente de confiança , pode-se mostrar o bem maior a ser desfrutado pela mudança . Assim , a força da empatia ajuda na percepção da maior satisfação individual e em equipe .
Concluindo , precisamos persistir . A perseverança exige um processo de mudança , reavaliando nossos conceitos , objetivos e ideais e é assim que começa a nascer o novo comportamento no pensar e agir , sabendo que a obra de nosso templo interior poderá nos exigir , algumas vezes , uma árdua reconstrução . É um processo permanente onde estamos educando e sendo educados . ( Educare – Latim , significa sair de dentro da pessoa ).
Rogério Vaz de Oliveira