NUNC - Revista Cultural 1 | Page 10

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N- O que é Glocal?

N- Da onde surgiu essa ideia de encurtar a distância entre a pessoa em seu contexto cultural e a pessoa de Jesus Cristo? Em que sentido essa necessidade foi percebida?

N- Você, um dos fundadores da Glocal, é pastor de uma igreja evangélica, e em algumas reuniões foram abordados alguns temas que fazem parte da pauta da esquerda no Brasil (marxismo, feminismo), dois grupos aparentemente muito distantes em questões ideológicas e políticas. Como a comunidade evangélica enxerga a Glocal?

N- Como a Glocal consegue encurtar essa distância? Você poderia citar um exemplo?

M- A Glocal é um encontro de encurtamento, onde no mesmo local encurtamos três assuntos que geralmente não andam tão juntos: a espiritualidade, nos ensinos de Jesus; o impacto social, na cidade e voluntariado e o terceiro elemento é a arte, como expansão da alma, da mente. Nesses três eixos, fazemos a Glocal, que é essa mistura entre uma visão global e relevância local.

M- Encurtamos com pequenos exemplos; assuntos que não entram na Igreja. Por exemplo, tolerância religiosa: na Glocal, podemos trazer uma mãe de santo, um líder do Islã, um reverendo budista e um pastor. E, lá na Glocal, fomos falar sobre tolerância religiosa, diversidade religiosa num Estado laico. Isso não seria possível numa Igreja. Junto com isso, teve arte – muita arte, pintura; teve música... E, por final, a gente sempre chama uma ONG para que o nosso público, seja online ou presencial, se engaje em alguma causa. Então, toda semana, em nossos encontros, nós temos o recado social e assim se faz na prática esse encontro; esse encurtamento.

M- Começamos a perceber que a religião começou a perder contato com a cidade, com as pessoas que não eram da mesma fé e, ao ler Jesus, percebemos que isso não era verdade. Então a ideia surgiu há muitos anos, desde que a percebemos que a Igreja começou a se isolar e que começou a falar coisas que não tinham tanto a ver com o cotidiano das pessoas. Eles queriam ensinar as pessoas a viverem no céu, sendo que a gente precisa primeiro viver aqui na Terra. Então isso já surgiu sobre encurtar, sobre o mundo artístico tentar trazer (as pessoas) para conversar com a

Pastor Marcos Botelho em uma das reuniões da Glocal

espiritualidade de Jesus, a forma prática de transformação social, a forma prática de conversar com a espiritualidade e a arte conversar com algo prático de voluntariado. Então... esses três elementos conversando o tempo inteiro.