Barroso
Noticias de
30 de Agosto de 2014
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«Comprar votos e ressuscitar mortos»
eis a origem da crise que vivemos
Barroso da Fonte
O candidato a primeiro
- ministro António Costa, em
entrevista ao Expresso de 23 de
Agosto último, respondeu ao seu
camarada e opositor às eleições
primárias de Setembro, dizendo
na primeira pessoa: “não ando a
comprar votos, nem a ressuscitar
mortos. Há pessoas que vivem
em democracia, andam anos na
política e ninguém se lembra de
nada que tenham feito».
O JN de 19 do mesmo mês
tinha dado o lamiré: «Eleitores à
«força» no PS em Braga. Mortos
ou emigrados foram dados
como votantes. Pagas quotas
de mais de dois mil militantes
e o PS invoca o sigilo bancário
para não dizer quem pagou».
O Diário do Minho de 27
seguinte, escreve em caixa alta:
«Candidata ao PS/Braga diz-se
alvo de «assassinato político». E
ainda: «o número de militantes
da secção de Braga, subiu só
em 4 dias, de 20 para 828.
Destes 719 tinham a militância
suspensa, aparecendo agora,
«renascidos e activos, responde
Joaquim Barreto à sua opositora
de Famalicão».
Invoco estas insuspeitas
fontes, não para denunciar o
que se passa no PS, mas para
deplorar o fracasso da nossa
vergonhosa democracia. Há
quarenta anos se conhecem
estes truques e estes artesãos do
tão badalado regime que Platão
proclamou na sua «República».
Já decorreram 2.400 anos. Já
houve muitas democracias
transformadas
em
ferozes
ditaduras. E Portugal não será
único neste tipo de malabarismo
comportamental.
Nestes
quarenta anos de vivência
amordaçada, já deveriam ter
sido reprimidos, quer a nível de
pessoas, quer de instituições,
estas excrescências. Em nome
de uma liberdade que tentou
corrigir os defeitos de uma
ditadura de 48 anos, cometeramse atropelos iguais ou piores do
que estes que nunca deixaram
de acontecer nestes 40 anos
de democracia. António Costa,
enquanto ex-ministro da Justiça
e da Administração Interna, teve
possibilidades de acabar com
eles. Contudo é o próprio a
atirá-los à cara do seu opositor.
E não só ele. Como se verifica
em Braga e por todo o país.
A democracia é uma palavra
poética, fácil de pronunciar
e sugestiva para convencer
incautos. Se ela fosse cumprida
até à raiz dos neurónios, seria
o oásis da nossa paz social.
O poder, a ganância e a vã
glória de oprimir os outros, são
instintos que não cabem no
conceito democrático que se
implantou entre nós.
Os regimes políticos são
cúmplices
das
sucessivas
guerras, conflitos e atrocidades
a todos os níveis. Não se
conhece nenhuma instituição
científica que prepare políticos
profissionais para a ocupação
de qualquer cargo governativo.
Há muitas que visam preparar
profissionais para administrarem
os negócios do Estado. Mas os
políticos brotam por geração
espontânea, a partir das jotas
partidárias. Aí aprendem todos
os truques da arte de (des)
governar, principiando pelos
sloganes que anunciam o paraíso
para todos, mas que, chegados
ao poder, reduzem tudo ao oásis
dos seus confrades, amigos e
familiares. Só esses conhecem
os sortilégios da democracia.
Há dois discursos comuns
à classe política: quando
estão no poder, usam-no
afirmativamente, mesmo que
escondam a verdade, lesiva
dos direitos dos cidadãos.
Desde que passem à oposição,
o discurso muda para o oposto
daquele que usaram no poder.
Tal-qual o interruptor da luz:
se estiver aceso, apagam-no; se
estiver apagado, acendem-no.
António Costa conseguiu
afirmar, nesta entrevista ao
Expresso,
duas
verdades
indesmentíveis: «comprar votos
e ressuscitar mortos». Afinal, os
«pecados mortais» do Estado
novo, foram ressuscitados, na
voz daquele que já foi Ministro
de Justiça e que condena no seu
opositor, ao importante cargo de
primeiro-ministro de Portugal.
Os
tribunais
portugueses
devem ter nos seus arquivos,
dezenas, quiçá, centenas, de
processos a jornalistas e a
cidadãos anónimos que tenham
proferido, em publico, estas
duas verdades democráticas,
apontando os alvos. Nem
valerá a pena averiguar se
houve muitas ou poucas
condenações. Como jornalista
de longo curso, declaro que,
velho e desiludido como estou
com este tipo de democracia,
aceito como verdade absoluta,
que durante os 40 anos de
eleições aos vários cargos
partidários,
se
compraram
votos e ressuscitaram mortos,
elegendo titulares que na vida
real protagonizaram injustiças,
traições,
crimes
públicos
pelos quais nunca foram, nem
serão responsabilizados. Se a
essência da democracia radica
na justiça, na igualdade e
na fraternidade social, como
considerar,
legitimamente,
eleitos aqueles que governam
mandatados por eleitores que já
não existem, que já faleceram
ou que nunca existiram?
O exemplo que aqui trago
para reflexão é, meramente,
aleatório, permitindo concluir
das palavras de António Costa
que este furúnculo democrático,
deve estender-se a todos os
restantes partidos. E aquele
que se sentir lesado que atire a
primeira pedra.
TERRA FÉRTIL II
(este artigo tamén em Galego)
Dr José Manuel
No
Número
anterior
faleivos da impresión – positiva
– que me causa sempre o viaxe
por Portugal abaixo. Non foi das
tantísismas cousas que hai para
ver: monumentos, paisaxes,
Historia en cada esquina, que,
despóis de tantos anos que
levamos recorrendo estas terras,
ainda non coñecemos como é
debido nin un vinte por cento
delas, seguramente. Non foi
dos variados platos típicos
diferentes que