NOSSO JORNAL - COLÉGIO SANTO IVO Nosso Jornal 2017 - Ed. 44 - 2º semestre | Page 13

projetos As feridas abertas da cidade de Mariana Alunos que visitaram, em 2016 e 2017, região afetada por desastre ambiental se encontram para comparar impressões E m 5 de novembro de 2015, o Brasil vivia seu maior desas- tre ambiental. A barragem de Fundão, em Mariana (MG), rompia, provocando um tsunami de lama tóxica, que percorreria 640 km pelo rio Doce, passando por mais de 40 cidades de Minas Gerais e do Es- pírito Santo até chegar ao oceano. Vilas inteiras ficaram destruídas, 19 pessoas morreram e outras mi- lhares perderam suas casas e seus trabalhos. A estrutura era operada pela Samarco, empresa de minera- ção da Vale e da BHP Billiton. Seis meses depois da tragédia, os alunos do 8º ano do Colégio Santo Ivo realizaram estudo do meio nas cidades históricas mineiras e incluí- ram em seu roteiro visita às regiões devastadas pela lama. Um ano e meio depois, foi a vez dos estudan- tes do atual 8º ano verem de perto como estão os municípios afetados. Para comparar a impressão que as visitas causaram em cada uma das turmas, alunos das duas séries se en- contraram em junho, para conversar sobre suas experiências no local. Segundo o aluno Rafael Ferrini Doss, que visitou a região em 2016, o cenário que eles encontraram no ano passado era de devastação. “O vila- rejo de Paracatu e a cidade de Barra Longa estavam destruídos”, afirma. Alunos do 8º ano do Santo Ivo visitam, neste ano, vilarejo de Paracatu (MG), destruído pela lama Rafael conta que em Barra Longa, a 70km de Mariana, por exemplo, a poeira ainda não havia baixado. Lite- ralmente. Na época, o município ain- da sofria muito com os rejeitos secos nas ruas e fundos das residências. “Havia poeira por todo lado”, conta. Conversamos com pessoas que, de um dia para outro, ficaram sem ter onde morar e perderam seu sustento. Quando vemos pela TV, não personalizamos o desastre. De perto, ele vira real Rafael Ferrini Doss, do 8 o ano Chiara Moutinho Vieira, do 8º ano A, que participou do estudo do meio neste ano, diz que algumas coisas estavam melhores quando ela foi. “Uma praça de Barra Longa, que foi engolida pela lama, já esta- va totalmente reconstruída. Tam- bém já não existia mais toda aquela poeira que eles encontraram em 2016”, descreve a estudante. De acordo com ela, porém, há muito o que se fazer. “Paracatu ainda não passou por reconstrução algu- ma. É uma cidade fantasma. Ainda era possível encontrar objetos que as pessoas deixaram para trás na hora do desastre, como cobertores, material escolar, brinquedos.” Ambos os alunos concordam que é muito mais impactante ver in loco a dimensão da tragédia. “É triste demais ver aquelas constru- ções que um dia foram um salão de beleza, uma casa, um bar e hoje resumem-se a um monte de entu- lho. Quantas vidas não foram des- truídas?”, diz Chiara. “Conversamos com pessoas que, de um dia para outro, ficaram sem ter onde morar e perderam seu sustento. Quando vemos pela TV, não personalizamos o desastre. De perto, ele vira real”, conclui Rafael. JORNAL SANTO IVO 13