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S E Ç Ã O 5 PÁGINA 30 Entrevista ENTREVISTA: MULHERES E O MERCADO DE TRABALHO Por Karen Pegorari Silveira Entrevistamos Ana Paula Dente Vitelli Morgado, doutora na linha de Estudos Organizacionais. Entrevistador: Pode-se dizer que para as mulheres ainda é mais difícil subir na carreira do que para os homens? A que você credita isso? Ana Paula Dente Vitelli Morgado –  Entendo que esta questão tem diferentes facetas.  Por um lado, vemos que existem barreiras reais que se colocam às mulheres, ainda que não sejam explícitas.  Por exemplo, as mulheres que têm filhos são muitas vezes vistas como menos comprometidas com o trabalho, o que inevitavelmente as coloca em uma posição de desigualdade de oportunidades.  Ou ainda, dependendo do setor, as mulheres são vistas como figura frágil que não se encaixa no contexto masculino de alta competitividade e agressividade presente nos altos escalões.  Estas percepções relevam estereótipos que se colocam às mulheres derivados de um contexto histórico de dominação masculina:  a partir da revolução industrial, a esfera do trabalho e a esfera do lar foram claramente separadas e diferenciadas, inserindo o homem no contexto do trabalho e confinando a mulher à casa com os cuidados domésticos e com a família. Este arranjo social manteve-se até a deflagração do movimento feminista na década de 70, quando se passou a questionar o papel da mulher na família, no trabalho e na sociedade, na busca pela transformação nas relações humanas e pelo abandono das relações baseadas na discriminação de gênero.     Existe, portanto, uma questão histórica que não pode ser desconsiderada:  apesar dos imensos avanços das mulheres no mercado de trabalho nos últimos 50 anos, mudanças sociais significativas levam tempo.