No Principio por Ellen G. White 1 | Page 12

Tirando vantagem da amável e leal confiança nele depositada pelos seres santos que estavam sob suas ordens , com tal arte infiltrara em suas mentes a sua própria desconfiança e descontentamento que sua participação não foi percebida . Lúcifer havia apresentado os propósitos de Deus sob uma luz falsa , interpretando-os mal e torcendo-os , de modo a incitar a dissensão e descontentamento . Astuciosamente levou os ouvintes a dar expressão aos seus sentimentos ; então eram tais expressões repetidas por ele quando isto servisse aos seus intuitos , como prova de que os anjos não estavam completamente de acordo com o governo de Deus . Ao mesmo tempo em que , de sua parte , pretendia uma perfeita fidelidade para com Deus , insistia que modificações na ordem e leis do Céu eram necessárias para a estabilidade do governo divino . Assim , enquanto trabalhava para provocar oposição à lei de Deus , e infiltrar seu próprio descontentamento na mente dos anjos sob seu mando , ostensivamente estava ele procurando remover o descontentamento e reconciliar anjos desafetos com a ordem do Céu . Ao mesmo tempo em que secretamente fomentava a discórdia e a rebelião , com uma astúcia consumada fazia parecer como se fosse seu único intuito promover a lealdade , e preservar a harmonia e a paz .
O espírito de descontentamento que assim se acendera , estava a fazer sua obra funesta . Conquanto não houvesse uma insurreição declarada , a divisão de sentimentos imperceptivelmente crescia entre os anjos . Alguns havia que olhavam com favor para as insinuações de Lúcifer contra o governo de Deus . Posto que tivessem estado até ali em perfeita harmonia com a ordem que Deus estabelecera , achavam-se agora descontentes e infelizes , porque não podiam penetrar Seus conselhos insondáveis ; não estavam satisfeitos com Seu propósito de exaltar a Cristo . Estes se encontravam prontos para apoiar a exigência de Lúcifer para ter autoridade igual à do Filho de Deus .
Entretanto , anjos que eram fiéis e verdadeiros sustentavam a sabedoria e justiça do decreto divino , e se esforçavam por reconciliar este ser desafeto com a vontade de Deus . Cristo era o Filho de Deus ; tinha sido um com Ele antes que os anjos fossem chamados à existência . Sempre estivera Ele à destra do Pai ; Sua supremacia , tão cheia de bênção a todos os que vinham sob Seu domínio benigno , não havia até então sido posta em dúvida . A harmonia do Céu nunca fora interrompida ; por que deveria agora haver discórdia ? Os anjos fiéis apenas podiam ver conseqüências terríveis para esta dissensão , e com rogos ansiosos aconselhavam os que estavam desafetos a renunciarem seu intuito e se mostrarem leais para com Deus , pela fidelidade ao Seu governo .
Com grande misericórdia , de acordo com o Seu caráter divino , Deus suportou longamente a Lúcifer . O espírito de descontentamento e desafeição nunca antes havia sido conhecido no Céu . Era um elemento novo , estranho , misterioso , inexplicável . O próprio Lúcifer não estivera a princípio ciente da natureza verdadeira de seus sentimentos ; durante algum tempo receou exprimir a ação e imaginações de sua mente ; todavia não as repeliu . Não via para onde se deixava levar . Entretanto , esforços que somente o amor e a sabedoria
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