Ninguém nasce mulher, torna-se 1 | Page 6

Para entender gênero sexualidade, primeiro é necessário diferenciar alguns conceitos.

Sexo é entendido a partir de características anatômicas, biológicas e físicas enquanto o gênero refere-se às construções socioculturais, variando através da história e cultura. Já sexualidade (muitas vezes confundida com sexo e gênero) refere-se às praticas sexuais entre os indivíduos e também à orientação sexual.

A antropóloga americana Gayle Rubin, criou o conceito de sistema sexo/gênero, determinados histórica e socialmente, que criam convenções em torno do masculino e do feminino, do chamado sexo biológico, da identidade de gênero etc.

A partir da compreensão sobre as diferenças biológicas, são estabelecidos, criados e modificados socialmente ideias e valores que definem o que é ser homem ou mulher.

Portanto, o gênero está relacionado com os diferentes papéis sociais e comportamentais relacionados aos homens e mulheres. Ou seja, os comportamentos “próprios” de cada sexo. Além disso, é uma das formas de distribuir o poder: aquilo que é classificado como masculino é visto como forte e superior, enquanto o feminino é visto como mais fraco, então deve ser protegido e submisso ao masculino. Porém, a autora defende que devemos questionar o uso da biologia para justificar as normas sociais em nossa cultura.

É muito comum reprimir meninas por se sentarem com pernas abertas, um comportamento que não é reprimido em meninos, devido à valores historicamente estabelecidos. No livro, a autora diz “(...) se você critica X nas mulheres e não critica X nos homens, então você não tem problemas com X, mas com as mulheres”.

A ideia de que o corpo da mulher seria uma extensão do masculino se perpetuou por muito tempo em várias áreas do saber, justificada tanto na mitologia e religião (Eva e Afrodite foram criadas a partir do corpo masculino), quanto na medicina (os ovários eram conhecidos como “testículos femininos” até o século XVII).

Disseminar mitos sobre a sexualidade feminina e fazer com que mulheres não tenham conhecimento do próprio corpo teve uma função social histórica: o controle social.

Com o surgimento do movimento feminista no século XX, a mulher passou a ser vista como agente e sujeito de prazer sexual. Métodos contraceptivos foram desenvolvidos e a saúde sexual da mulher passou a ser considerada em diversas esferas médicas e sociais.

A atleta brasileira, Ingrid de Oliveira, especializada em saltos ornamentais, foi vítima de comentários machistas e sexistas ao postar uma foto sentada de costas na plataforma de treino, em 2015, tratando-a apenas como um objeto, e não como atleta.

A Copa do Mundo de Futebol Feminino foi televisionada ao vivo por apenas uma emissora, enquanto a masculina é um evento literalmente mundial.

Mesmo ocupando tantos espaços diariamente, a mídia ainda difunde a ideia de que mulheres devem atender os padrões de beleza e comportamentais , que devem ser “belas, recatadas e do lar”.

A objetificação do corpo da mulher está presente em diversos setores da sociedade. Em propagandas publicitárias, é comum ver mulheres hipersexualizadas (como acontece em propagandas de cerveja) para vender produtos. Adichie defende que “Mesmo culturas que esperam que elas sejam sexy- como muitas no Ocidente- não esperam que elas sejam sexuais.

GÊNERO, EDUCAÇÃO E SEXUALIDADE