N 15 - Março - 2019 - Ano V Revista Líder Coach | Page 9

sem solavancos.” e depois em salas de aula. Árvores ao seu redor, e por todo o caminho, casas de madeira, cada uma com seu estilo e cores diferentes, mas encantadoras e mágicas. Tudo muito bonito. Agora sim, ele se via em um filme. Assim, o sofrimento foi grande, principalmente físico. Pela dor, descobriu um músculo que nem sabia que existia em seu corpo. Depois do deslumbramento veio o lado real da vida. Os custos são em dólares e qualquer reserva nunca é o suficiente. Zelão parou de turistar e partiu em busca de trabalho. Ah! Mas como é duro achar trabalho. Só por indicação é que conseguiu lavar carros por alguns dias e pratos num restaurante. Depois, por três dias, ajudou em uma pintura de residência e, também nesse meio tempo, realizou trabalhos de recolher folhas. Zelão sofreu bastante, pois nunca teve habilidade com as mãos e sempre trabalhou com seu lado intelectual para resolver problemas. Primeiro em escritórios Percebeu que a vida é dura. Muito dura. Não é para qualquer um. Ele não recomendaria, a menos que a pessoa tivesse muita garra, força de vontade, determinação e que aguentasse o sofrimento, cuidando da saúde, pois quem ficar doente ou se acidentar vai dar adeus ao Sonho Americano e amargar um pesadelo. Eles se casaram, veio a gravidez e ela deixou de trabalhar. Zelão, que já ganhava pouco, precisou correr atrás de mais recursos financeiros, pois ainda tinha de manter em dia aluguel, água, luz e alimentação. O filho nasceu com problemas de saúde e Zelão cuidava da criança, da mulher, trabalhava quase vinte horas por dia, em três trabalhos diferentes. E assim é a vida de muitos estrangeiros que vivem por aqui. Mas quase ninguém desiste e volta para o país de origem, ou mesmo fala mal daqui. Ninguém arreda o pé. Por quê? Muitos têm um projeto pessoal de juntar dinheiro e voltar para seu país, mas logo se acostumam com a segurança e a qualidade de vida, pois realmente é um país de oportunidades, porém é necessário encontrá-las e descobrir uma forma da aventura dar certo. Lições: 1. Determinação = Resultados; 2. Nunca é tarde para aprender; da mesma forma que nunca é tão cedo; 3. Os jovens têm muitas vantagens e tempo para aprender, além da jovialidade e energia para encarar a dureza castigante dos trabalhos braçais; 4. Os mais velhos possuem vivência, calma e sabedoria para dosar energia, transformando-a em determinação. Reflexões: 1. O que leva uma pessoa a abandonar seu país e encarar a vida do zero, em outro hemisfério, enfrentando adversidades legais, culturais, alimentares, financeiras, térmicas, linguísticas, sociais e estruturais? 2. De onde vem tanta força de vontade em querer enfrentar tamanho desafio, mesmo sem qualquer preparo ou planejamento? 3. Biologicamente ele é a mesma pessoa, antes e depois, estando aqui ou lá, por que não aplicou sua energia e garra em seu próprio país para vencer suas adversidades? 4. O que seria de nós se o primeiro humanoide não tivesse dado o primeiro passo além da sombra da árvore? Com certeza não o fez por vaidade, fama ou dinheiro ao começar a vida, do zero. Com Zelão, espero mais aprender do que ajudá-lo a conduzir suas vontades em metas acessíveis. Com vocês, me comprometo em compartilhar, nas próximas edições, tudo o que aprender com ele, mesmo com a temperatura abaixo de zero grau. Renato Costa Barbosa é economista, professor, palestrante e correspondente da revista Líder Coach em Boston-USA. FEVEREIRO 2019 - LÍDER COACH 9