My WAY my_way | Page 21

Acredito que você tem que dar o melhor de si todas as vezes ou então não dá certo. Quando não estou de bem comigo, prefiro não fazer do que fazer de cara ruim. Sou sagitariana: amo conhecer novas pessoas e lugares.Minha mãe é a pessoa mais foda do mundo. Eu sai da minha casa não foi para ser modelo, mas para dar orgulho para ela.Hoje, com 23 anos, sei totalmente quem é Angelica, o que eu gosto e não gosto, minha personalidade.Sempre que vem um novo dia, tento dar sempre o meu melhor — independentemente se for para a Dior ou para um estudante de TCC. minha irmã nasceu, ela voltou a trabalhar imediatamente. Minha rotina era ver a minha mãe só nos fins de semana. Ela se separou do meu pai quando eu tinha nove anos e criou sozinha os meus irmãos e eu. E, por incrível que pareça, a nossa casa virou uma festa: toda noite um dos filhos dormia com ela e íamos quase todo dia na pizzaria. Eu vi a minha mãe feliz depois da separação, pois eles brigavam muito. Depois ela encontrou alguém, meu pai também e ambos formaram uma nova família. Eu tenho muito orgulho de dizer que saí de uma família muito pobre, mas que tive uma mãe com garra, personalidade e força. Sempre digo: “mãe, você é muito foda!”. Start! Minha trajetória no mundo começa na escola. E studei em escola pública até a sétima série, depois ganhei um campeo- nato de matemática entre colégios. Com essa vitória, pude estudar em um curso técnico em química — uma especializa- ção que tem a mesma duração que um curso comum na faculdade —mas foi por pouco tempo, pois depois de dois meses virei modelo. E tudo começou assim: minha tia tinha um salão de beleza em Santa Catarina e sempre que chegava dia 1° de dezem- bro, eu ia para lá. Eu passava as férias ajudando no salão a lavar o cabelo dos clientes. Numa dessas férias, quando eu tinha 14 anos, minha tia quis me inscrever num concurso de beleza que se chamava “Garota Verão”, que eram meninas que desfilavam em trajes de banho e era transmitido no canal RBS TV na época. Achei a ideia da minha tia muito doida, pois eu era muito tímida, odiava ser alta, magra e andava em ‘S’. Fui “Garota Verão de Jaraguá do Sul”. Acho que só ganhei porque não fiquei tão nervosa como todas as outras concorrentes. Foi então que um agente me assistiu no concurso e tudo começou. Toda a minha família me apoiou e foi torcer por mim no dia — saíram três ônibus do Paraná para Santa Catarina lotado de gente, foi uma bagunça! Minha madrinha me deu várias coisas para viajar para São Paulo, pois eu não tinha nada, nem mala. Me deu uns ternos, um creme da Victoria’s Secret de vanilla e roupas. Fiquei duas semanas na cidade, antes de viajar para Tóquio. Passava a semana com R$ 50,00, andando de ônibus para todos os cantos e fazendo castings. Tudo aconteceu muito rápido, mas tiveram algumas tentativas não tão bem-sucedidas. Fiquei viajando durante dois anos até fazer alguns trabalhos comerciais, mas também nada muito grande. Aos poucos, fui conquistando os meus clientes no Brasil, mas trabalhei muito para isso. Tenho muito amor por todas as pessoas que passaram pela minha vida nesse período. Sei que só cheguei até aqui porque tive uma das melhores escolas: durante sete anos modelei no Brasil, depois disso, qualquer outro lugar fica easy. Meu companheiro Nunca planejei me casar. Comecei a namorar com o Brian quando eu tinha 18 anos e tudo aconteceu muito rápido. Casamos há três anos e foi um sonho, todos ficaram apaixonados pela nossa cerimônia. A minha ideia era vestir uma camisola de seda e me casar debaixo de uma árvore. Mas por nada nesse mundo minha mãe deixou, ela queria um casamentão. Foram 180 convidados só dos meus familiares e da família do meu marido, apenas 17. A festa aconteceu em Foz do Iguaçu e foi um evento totalmente meu, sem entrar nada de outros lugares. Os vestidos das daminhas foram produzidos com a mesma costureira que fazia as minhas roupas quando eu era criança; o tablado onde aconteceu a cerimônia foi o meu pai que construiu; o bolo do casamento foi a avó do Brian que fez. O meu marido é muito companheiro, sou muito abençoada por tê-lo ao meu lado. Já passamos por tantas, porém enfrentamos todas juntos e isso foi importante para nós. Não é fácil ter um relacionamento com essa profissão porque cada dia você está em um lugar. Mudanças Em 2015 eu estava um pouco desanima- da e me peguei pensando em desistir de ser modelo. Porém, percebi que não estava mais feliz comigo mesma, que algo de dentro de mim estava me deixando mal. Então decidi solucionar isso cuidando de mim: comecei a fazer yoga, mudei a minha alimentação, comecei a cozinhar e a fazer coisas que eu gosto, que me deixam feliz. Queria sair um pouco desse mundinho da minha profissão. Joguei tudo para o alto — mesmo — e fui cuidar de mim. Também foi quando me mudei para WAY. Pensei que seria legal trabalhar com pessoas novas e com uma nova energia. Me sinto bem espiritualmente com todos os bookers de lá. Foram eles que perceberam que eu poderia fazer algo muito maior com a minha carreira. Mudaram meu estilo, cortaram o meu cabelo e isso me deixou insegura. Mas um mês depois, lá estava eu fazendo campanha de Prada, fotografando com o Steven Meisel. A agência abriu meus olhos para o meu potencial. E no fim, tudo deu certo. Tenho um amor enorme por todos daquele lugar. 2017 Mudei para Nova York em janeiro do ano passado e, para mim, foi muito difícil. Cheguei aqui morando com outras meninas, diferente de São Paulo, onde já tinha a minha casa montada e morava sozinha. Aqui tive que começar do zero. Eu sentia falta de ter o meu marido, meu cachorro, meu espaço, da minha família por perto. Cheguei sem nada, sem conhecer ninguém, num frio do caramba. Mas depois de um ano, posso chamar Nova York de casa. Essa foi a cidade aqui abriu as portas para minha carreira. Esse ano é o ano mais maravilhoso de todos! E tenho certeza que o próximo também será. Estou trabalhando muito bem e fiz inúmeros trabalhos: desfiles para Balmain, Céline, Louis Vuitton, Chanel; editoriais para Vogue Japão, China, Itália e Espanha. Sempre quis fazer umas fotos legais, trabalhar com pessoas boas, ter algo para mostrar para os meus filhos. Se um dia alguém me contasse que em 2017 eu teria essa vida, eu não acreditaria, nem em sonho desejei tudo isso.” | 21