Acredito que você tem que dar o melhor de si todas as vezes
ou então não dá certo. Quando não estou de bem comigo,
prefiro não fazer do que fazer de cara ruim. Sou sagitariana:
amo conhecer novas pessoas e lugares.Minha mãe é a pessoa
mais foda do mundo. Eu sai da minha casa não foi para ser
modelo, mas para dar orgulho para ela.Hoje, com 23 anos, sei
totalmente quem é Angelica, o que eu gosto e não gosto,
minha personalidade.Sempre que vem um novo dia, tento dar
sempre o meu melhor — independentemente se for para a Dior
ou para um estudante de TCC.
minha irmã nasceu, ela voltou a
trabalhar imediatamente. Minha rotina
era ver a minha mãe só nos fins de
semana.
Ela se separou do meu pai quando eu
tinha nove anos e criou sozinha os meus
irmãos e eu. E, por incrível que pareça,
a nossa casa virou uma festa: toda noite
um dos filhos dormia com ela e íamos
quase todo dia na pizzaria. Eu vi a
minha mãe feliz depois da separação,
pois eles brigavam muito. Depois ela
encontrou alguém, meu pai também e
ambos formaram uma nova família. Eu
tenho muito orgulho de dizer que saí de
uma família muito pobre, mas que tive
uma mãe com garra, personalidade e
força. Sempre digo: “mãe, você é muito
foda!”.
Start!
Minha trajetória no mundo começa na
escola. E studei em escola pública até a
sétima série, depois ganhei um campeo-
nato de matemática entre colégios. Com
essa vitória, pude estudar em um curso
técnico em química — uma especializa-
ção que tem a mesma duração que um
curso comum na faculdade —mas foi por
pouco tempo, pois depois de dois meses
virei modelo.
E tudo começou assim: minha tia tinha
um salão de beleza em Santa Catarina e
sempre que chegava dia 1° de dezem-
bro, eu ia para lá. Eu passava as férias
ajudando no salão a lavar o cabelo dos
clientes. Numa dessas férias, quando eu
tinha 14 anos, minha tia quis me
inscrever num concurso de beleza que
se chamava “Garota Verão”, que eram
meninas que desfilavam em trajes de
banho e era transmitido no canal RBS TV
na época. Achei a ideia da minha tia
muito doida, pois eu era muito tímida,
odiava ser alta, magra e andava em ‘S’.
Fui “Garota Verão de Jaraguá do Sul”.
Acho que só ganhei porque não fiquei
tão nervosa como todas as outras
concorrentes. Foi então que um agente
me assistiu no concurso e tudo começou.
Toda a minha família me apoiou e foi
torcer por mim no dia — saíram três
ônibus do Paraná para Santa Catarina
lotado de gente, foi uma bagunça!
Minha madrinha me deu várias coisas
para viajar para São Paulo, pois eu não
tinha nada, nem mala. Me deu uns
ternos, um creme da Victoria’s Secret de
vanilla e roupas. Fiquei duas semanas
na cidade, antes de viajar para Tóquio.
Passava a semana com R$ 50,00,
andando de ônibus para todos os cantos
e fazendo castings.
Tudo aconteceu muito rápido, mas
tiveram algumas tentativas não tão
bem-sucedidas. Fiquei viajando
durante dois anos até fazer alguns
trabalhos comerciais, mas também
nada muito grande. Aos poucos, fui
conquistando os meus clientes no
Brasil, mas trabalhei muito para isso.
Tenho muito amor por todas as pessoas
que passaram pela minha vida nesse
período. Sei que só cheguei até aqui
porque tive uma das melhores escolas:
durante sete anos modelei no Brasil,
depois disso, qualquer outro lugar fica
easy.
Meu companheiro
Nunca planejei me casar. Comecei a
namorar com o Brian quando eu tinha
18 anos e tudo aconteceu muito rápido.
Casamos há três anos e foi um sonho,
todos ficaram apaixonados pela nossa
cerimônia. A minha ideia era vestir
uma camisola de seda e me casar
debaixo de uma árvore. Mas por nada
nesse mundo minha mãe deixou, ela
queria um casamentão. Foram 180
convidados só dos meus familiares e da
família do meu marido, apenas 17. A
festa aconteceu em Foz do Iguaçu e foi
um evento totalmente meu, sem entrar
nada de outros lugares. Os vestidos das
daminhas foram produzidos com a
mesma costureira que fazia as minhas
roupas quando eu era criança; o
tablado onde aconteceu a cerimônia foi
o meu pai que construiu; o bolo do
casamento foi a avó do Brian que fez.
O meu marido é muito companheiro,
sou muito abençoada por tê-lo ao meu
lado. Já passamos por tantas, porém
enfrentamos todas juntos e isso foi
importante para nós. Não é fácil ter um
relacionamento com essa profissão
porque cada dia você está em um lugar.
Mudanças
Em 2015 eu estava um pouco desanima-
da e me peguei pensando em desistir de
ser modelo. Porém, percebi que não
estava mais feliz comigo mesma, que
algo de dentro de mim estava me
deixando mal. Então decidi solucionar
isso cuidando de mim: comecei a fazer
yoga, mudei a minha alimentação,
comecei a cozinhar e a fazer coisas que
eu gosto, que me deixam feliz. Queria
sair um pouco desse mundinho da
minha profissão. Joguei tudo para o alto
— mesmo — e fui cuidar de mim.
Também foi quando me mudei para
WAY. Pensei que seria legal trabalhar
com pessoas novas e com uma nova
energia. Me sinto bem espiritualmente
com todos os bookers de lá. Foram eles
que perceberam que eu poderia fazer
algo muito maior com a minha carreira.
Mudaram meu estilo, cortaram o meu
cabelo e isso me deixou insegura. Mas
um mês depois, lá estava eu fazendo
campanha de Prada, fotografando com
o Steven Meisel. A agência abriu meus
olhos para o meu potencial. E no fim,
tudo deu certo. Tenho um amor enorme
por todos daquele lugar.
2017
Mudei para Nova York em janeiro do
ano passado e, para mim, foi muito
difícil. Cheguei aqui morando com
outras meninas, diferente de São Paulo,
onde já tinha a minha casa montada e
morava sozinha. Aqui tive que começar
do zero. Eu sentia falta de ter o meu
marido, meu cachorro, meu espaço, da
minha família por perto. Cheguei sem
nada, sem conhecer ninguém, num frio
do caramba. Mas depois de um ano,
posso chamar Nova York de casa. Essa
foi a cidade aqui abriu as portas para
minha carreira.
Esse ano é o ano mais maravilhoso de
todos! E tenho certeza que o próximo
também será. Estou trabalhando muito
bem e fiz inúmeros trabalhos: desfiles
para Balmain, Céline, Louis Vuitton,
Chanel; editoriais para Vogue Japão,
China, Itália e Espanha. Sempre quis
fazer umas fotos legais, trabalhar com
pessoas boas, ter algo para mostrar
para os meus filhos. Se um dia alguém
me contasse que em 2017 eu teria essa
vida, eu não acreditaria, nem em sonho
desejei tudo isso.”
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