My first Magazine Revista Sarau Subúrbio ed 02 | Page 20
O P O L I V A L E N T E G E R A L D O P E R E I R A
Geraldo Pereira foi um compositor que se debruçava muito bem sobre os dois
principais códigos da MPB: a melodia, na qual frequentemente fazia uso da síncope
ou síncopa, que é propriedade de inverter os tempos fortes para os tempos fracos;
e a letra, na qual perpassava com clareza situações inusitadas de sentimentos
universais, aliados a observações do cotidiano carioca, aliás, um recorte que está
sendo desenvolvido por um pesquisador holandês e exímio conhecedor de sua obra
com seu discurso polissêmico.
Muito já se falou sobre sua vida e de seu trabalho, principalmente em “Um
escurinho direitinho”, de Luís Fernando Vieira, Luís Pimentel e Suetônio Valença,
assim como nos textos da coleção “A Nova História da Música Popular Brasileira”,
duas fontes imprescindíveis para o entendimento deste personagem da MPB, tão
multimídia em sua época, tendo se envolvido com teatro, rádio e cinema.
Em teatro montou uma pequena peça, quando ainda morava no Morro de
Mangueira, tendo como base sua letra de “Na subida do morro”, posteriormente
vendida e gravada por Moreira da Silva em 1952, atuou como cantor em
espetáculos teatrais; no rádio, além de intérprete de outros compositores e de suas
músicas, o que viria a ser conhecido, mais tarde, como “Cantautor”, também
compunha e gravava jingles publicitários; no cinema participou como cantor e ator
coadjuvante em três filmes: “Tudo é Verdade” (Orson Welles, 1942), “Berlim na
Batucada” (Luiz de Barros, 1944) interpretando o personagem Cabo Laurindo, e por
fim, “Rei do Samba” (Luis de Barros, 1952) sobre a vida do compositor Sinhô.
Portanto, nestes rápidos exemplos percebemos o quanto era um artista multimídia
para a sua época.