Este é um espaço no qual, inspirados no blog Humans of New York, convidamos seres humanos bandeirantinos para contarem suas histórias.
“Olha... Eu nem sempre escrevi... Uma certa vez na minha escola, foi pedido para que todos os alunos escrevessem um texto em relação à Ecologia – a importância da natureza na vida do homem – e eu escrevi. O melhor texto da sala ia concorrer com o das outras salas para daí ter um julgamento entre todas as escolas de São Paulo. O meu texto foi o melhor da sala e após uns 4 ou 5 dias, fiquei sabendo que o meu texto tinha sido o melhor de São Paulo. Se eu lesse, ia sair no jornal nacional. Como eu era adolescente, eu não tinha ideia da tamanha dimensão que era ler uma coisa e sair no jornal nacional, para mim era só uma coisa a mais que eu ia fazer. Aí teve um determinado dia que nós fomos a um lugar chamado Horto Florestal – uma espécie de floresta urbana na Zona Norte. Lá tinha um palanque muito grande. Então eu fui convidado para ir nesse palanque – onde tinha outras pessoas, acho que talvez até pessoas que não eram do Brasil – e me pediram para ler o texto. Aquilo foi gravado e a noite passou no jornal nacional. Foi naquele dia que eu descobri… Quer dizer, eu nem sei se eu descobri, mas eu percebi que eu sabia escrever alguma coisa. Mesmo assim eu não levei tão a sério."
"Outra coisa é que eu comecei a trabalhar muito jovem. Eu com 14 para 15 anos já comecei a trabalhar registrado mesmo em uma empresa. Então foi uma infância meio que tosada para trabalhar, porque eu sou órfão de pai e mãe, minha família era composta só de irmãos. Nós éramos em 10 irmãos, o mais velho morreu e ficamos em 9. Aí a mais velha se casou e ficamos em 8. Aí minha mãe morreu, meu pai se casou com outra mulher e nós ficamos uma família só de irmãos. Então todo mundo precisava trabalhar logo cedo, porque se não trabalhasse, não comia. A regra era essa: tinha que trabalhar para comer e para vestir. Aí eu comecei a trabalhar novo, mas sempre lendo, sempre li muito. Meus livros de história, que eram os favoritos, eu lia inteirinhos até a metade do ano, mais de uma vez até."
José de França Moreira ou apenas “França”; 66 anos; inspetor no Band há 21; escritor nas horas vagas
"Um certo dia, uma professora, Ana Cristina, perguntou se eu não queria escrever um livro."