My first Magazine A Luta Bebe Cerveja - Ana Sens | Page 68

57 E essa história de banheiro não foi só no Estadinho não. Nas outras redações, conforme as mulheres foram se “aprochegando”, a falta de uma toilette só podia ser compensada por segurar o xixi o dia inteiro ou pedir para um vizinho nas redondezas para usar o lavabo. No fim das contas, ser mulher em um ambiente predominantemente masculino é uma revolução. Se era difícil nas redações, imagine-se nos bares. A começar pelo Bar Stuart, cuja esquina abrigava boates antes de ser comprada pelo botequim. Seu dono, o italiano Dino Chiumento, diz que aquela esquina era “do pecado”, no passado. E foi daí surgiu a regra: era proibida a entrada de mulheres desacompanhadas no bar. E por desacompanhadas, entenda que a companhia válida por lá era só a do homem. Era a mesma coisa no Bar Palácio, até que em 1984 a coisa toda caiu por terra. Antes disso, houve as revolucionárias que invadiram o bar, mas foi naquele ano que oficialmente aconteceu um motim – a mulherada foi parar na delegacia para exigir que pudessem entrar no Palácio sem um homem a tiracolo. Deu certo. Ao longo dos anos, houve passeata, invasão, denúncia, tudo para derrubar a lei que impedia a entrada das moças desacompanhadas. A desculpa era a mesma do Stuart: o local funcionava onde antes era um antro de prostituição e etc. Mulheres podiam entrar em busca de programa, acabando com a “boa frequência” do estabelecimento. Reduto de jornalistas, a entrada do Bar Palácio