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A LUTA BEBE CERVEJA
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conhecimento. Não se sai de um bar com a
cachola vazia.
O bar é uma troca: quem é você, quem sou eu, quem
somos nós. O bar dá ambiente para discutir, é um mini
fórum de debate. Essas coisas unem as pessoas.
Futebol, samba, diversão, coisa popular. Foram tempos
difíceis, era uma necessidade encontrar algo que te
unisse ao outro. Para Adélia Lopes, “passar pelos
governo Médici, Geisel, Figueiredo, eu acho que isso
provocou um certo amor, uma união”.
“O que estava por trás disso era a ditadura militar, o que
nos unia era a falta de liberdade. Todas essas artes e
manifestações culturais, o jornalismo é uma delas, a
gente aprendeu no bar”, diz Nilson, contando várias das
peripécias jornalísticas que viveu dentro do boteco.
Não era uma resistência
formal. Era uma coisa mais
psicológica mesmo. Trinta anos
depois que você percebe,
enxerga aquilo. Percebe que
era uma válvula de escape,
uma resistência, um grito de
liberdade. Mas quando você
está vivendo isso, você não
percebe. Você percebe até
como uma coisa
normal "vou pro bar".”
Adélia Lopes
Aprendeu a entrevistar, a checar, a escrever. Uma vez
até encontrou Geraldo Vandré num barzinho, isso
depois que ele já tinha sido capturado e devolvido pelos militares e ninguém soube
realmente o que aconteceu.
Fato é que havia esse lugar para unir as pessoas. Ensinar um pouco. E acolher. De lá vai tudo
se multiplicando, ganhando novas formas. Além da afetividade e do companheirismo que
perdura até hoje, e nasceu ali.
Tinha quem ia para aprender. Tinha quem ia para beber. Tinha quem ia para se informar.
“Mas eu acho que a ditadura influenciou de você ir para boteco. Você não podia se reunir.
Reunião era proibida. Juntava três pessoas já era subversão”, explica Adélia. Ficavam atentos
para não passar a ideia de aglomeração. Então, tinha quem ia para estar junto.
With A Little Help From My Friends - The Beatles