My first Magazine A Luta Bebe Cerveja - Ana Sens | Page 51

A LUTA BEBE CERVEJA No Bar do Leleco, o compositor Palminor Rodrigues Ferreira, o Lápis, vivia se apresentando. Ícone do jazz em Curitiba. Tinha também o Trumpet, do Saul do Trumpet. Tinha o Bar OK e também um outro Bar OK – cuidado para não confundir os endereços. Tinha o Jangil, o Ligeirinho, o Trem Azul. Tinha bar que tinha que subir escada, tinha bar que era no porão. Tinha o Clube Curitibano e seus salões para dançar e paquerar. Tinha o Beto Batata, talvez o último reduto de jornalistas que se tenha memória. Na mesa de bar, jornalista já combinou de abrir um Jornal de Bar. Para o público boêmio que entenderia do que estavam falando. Na mesa de mar, rolou também o Documento Zero, que denunciava subsídios da imprensa. Na mesa de bar, teve de tudo um pouco. Marins, na NoitE QuentE, fala: “Política, liberdade, tudo se mistura com álcool no Bife Sujo: fuga dos padrões, escrache, resistência, anarquia”. E continua: “A sociedade está em ebulição, apesar da abertura dos costumes, com mais liberdade sexual. A repressão ainda é violenta no país”. Se lembra de Vladimir Herzog, da tevê ganhando forças – e as “cabeças ficando quadradas” –, da abertura de novos jornais, de bares fechando para dar lugar a lojas multiuso. “A situação mudou. Menos no Brasil. Porém, o comportamento está mais livre. A juventude vive a liberdade do corpo. E a alma? A alma resiste em lugares como Bife Sujo. A loucura atinge seu auge. E se aquieta” – bom para concluir, segundo Marins, a linha de raciocínio. Bar Triângulo 44