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EDITORIAL

PRESTAR CONTAS EM TEMPOS SOMBRIOS .

Caxias , António Perez Metelo

Nesta nossa revista fazemos sete balanços de outros tantos Projetos concluídos . Dir-me-ão , com razão , que isso responde a um estrito dever de prestação de contas , de avaliação dos meios que outros , generosamente , confiam à Associação Helpo . Esta é mesmo condição necessária para que parceiros e financiadores das iniciativas propostas e concretizadas por ela continuem a sentir-se ligados a este coletivo de 231 homens e mulheres ( quadros técnicos , agentes comunitários , estagiários e voluntários permanentes ), que formam o seu quadro operacional , nos dias que correm . São eles que vão construindo , pacientemente , contra fenómenos naturais catastróficos ou contra as ruínas produzidas pelos homens , os edifícios da esperança para um amanhã melhor . Num círculo , que se vai alargando , ano a ano , e que engloba presentemente 230 mil crianças , jovens e suas famílias apoiadas . Dir-me-ão , que estes esforços parecem tão mirrados nos tempos atuais , marcados pela Doença , pela Fome (… sim , a Fome , que continua a atormentar cerca de 900 milhões de seres humanos , entre eles , 200 milhões de crianças …), pela Guerra , com o seu cortejo de destruição cega e de Morte ! É verdade ! Julgávamos , nas últimas décadas , estes Quatro Inimigos da Humanidade num tal processo de redução – nunca antes visto na História – que nos convencemos esta- rem estes Cavaleiros do Apocalipse destinados , mais cedo que tarde , a ter de descer das suas sinistras montadas ... Mas eis-nos , subitamente , confrontados com realidades inconvenientes : não , não é verdade estarmos todos metidos num mesmo barco no planeta Terra . Perante o naufrágio de uma Pandemia ou de fenómenos climáticos extremos e catastróficos , da falta de bens essenciais para a subsistência ou para a qualificação - para , simplesmente , usufruir de uma vida em Paz - , há quem entre nos botes salva-vidas , mas há muitos mais , a quem nem um colete , que os mantenha à tona de água , se atira . E é , justamente , em tempos de desolação e de desespero para tantos seres , que persistimos no nosso lema : “ O nosso mundo é humano .” Traduzindo-o em ação , ajudando quem mais precisa . Sem perder a serenidade e a esperança . Por sabermos , que o que vamos construindo , num abraço que galga oceanos , pode enfrentar retrocessos temporários , pode ser deitado por terra por ventos desatados ou por mãos criminosas . Mas não pode – nunca poderá ! - ser varrido das consciências de cada vez mais construtores de futuro . Que acabarão por vencer os Quatro Cavaleiros , muito antes do Apocalipse . Porque a Vida num Mundo Humano tem mais força !