ESPECIAL FUTUROS PRESIDENTES
ver e ler para crer.
Nampula, Carlos Almeida
D
urante doze dias, a equipa da
Helpo em Moçambique teve a
honra de receber um fotógra-
fo e um escritor, que além de serem
dois reconhecidos artistas, formam uma
dupla de sucesso, como pudemos ver
no excelente trabalho Americans 45, no
qual se fizeram à estrada para perce-
ber os americanos que iriam votar na
eleição do 45º Presidente americano - o
sufrágio, que elegeu Donald Trump.
Em equipa, que ganha, não se mexe!
E a dupla rumou a outro continente, a
um país, que fica longe dos Estados Uni-
dos da América, geograficamente e em
tudo o resto: Moçambique, nossa terra
gloriosa, como diz o Hino Nacional.
Também aqui se falou de Presidentes,
mas de um ângulo diferente, tentando
conhecer crianças e jovens que, se tive-
rem acesso à Educação, terão o direito
a sonhar ser o que quiserem no futuro,
até mesmo Presidentes da República de
Moçambique.
Foram percorridos mais de 2.000 Km
num roteiro, que incluiu passagem por
2 províncias, 15 centros de intervenção
da Helpo, muitas entrevistas e fotos e a
certeza de que muitas vezes o traba-
lho, para se conseguir algo, é tão bom
ou melhor do que o produto final. Para
quem teve a oportunidade de acompa-
nhar o making of, que foi publicado na
página da Internet da revista Visão e no
site www.futurospresidentes.pt, sabe
do que estou a falar.
Para a Helpo, foi uma oportunidade de
dar a conhecer o que vai na alma das
nossas crianças. Falamos de um apoio,
que chega a 19.000 crianças, e sobre
o qual é difícil transmitir o que teste-
munhamos diariamente, uma vez que
as cartas que as crianças e animadores
enviam aos padrinhos e madrinhas não
refletem o que vai na alma destas crian-
ças, pouco habituadas a expressar sen-
timentos e com uma grande dificuldade
em fazê-lo por escrito. Dos textos do Ri-
cardo Henriques, muitas vezes arranca-
dos a ferros, fica uma perspetiva muito
leve, mas com uma densidade que, para
quem conhece bem esta realidade, pro-
voca arrepios. A mistura entre o humor
e a dureza da realidade reflete a forma
como os moçambicanos encaram o dia
a dia. E a única forma dos estrangeiros
estarem realmente adaptados a esta
realidade é encararem todas as agru-
ras da vida com um sorriso nos lábios.
As fotos do Luís Mileu são um regalo
para a vista, e a captação do olhar dos
nossos Futuros Presidentes, sempre
coroado com uma dignidade enorme,
é de uma qualidade técnica e huma-
na inestimável. Só não digo que valem
mais do que mil palavras, pois este tra-
balho deve ser visto como um trabalho
de equipa. Palavras que engrandecem
imagens e imagens que dão vida às pa-
lavras. Lembrando um anúncio antigo,
no qual dois cozinheiros italianos dis-
cutiam o que era mais importante, se a
massa ou o molho, também neste caso,
entre as palavras e as fotos, acho que o
melhor é sem dúvida olhar, ver e refletir
o conjunto... e talvez assim se consiga
sentir o que é África.
Melhor que ver a exposição, só mes-
mo fazer as malas e vir a Moçambique
conhecer o afilhado e as comunidades
onde a Helpo trabalha, pois isso é co-
nhecer verdadeiramente o país e sentir
orgulho em fazer parte deste grande
projeto. O logotipo da Helpo é acom-
panhado pelo lema: “o nosso mundo é
humano” e o Ricardo Henriques e o Luís
Mileu conseguiram captar a essência
desta frase com uma simplicidade incrí-
vel. Ver para crer e ler para crer!