DANIEL DONOVAN – JUNHO
Derrotado pela abstinência do poder, atenho-me ao prazer encontrado nas
coisas pequenas, simples e práticas, como você mesmo fez naquela manhã de junho
de sol forte e ventos gelados, jogou todo o progresso pelos ares e agiu como se nada
tivesse realmente acontecido, ignorou e não se deteve ao ignorar, tudo estava tão
nítido agora! Não deixara de olhar para as montanhas encobertas por uma suave e
macia camada de neve, deitava e rolava, sentia aquele frio aconchegante tocar sua
pele, não sabia o porquê daquilo, mas se sentia tão vivo como nunca. Era como se
estivesse realmente livre de todo aquele aperto, aquela adrenalina incessante. E agora,
de minhas lembranças passadas, somente acho graça, posso finalmente viver meus
últimos tempos em paz, em minha casa, nas montanhas encobertas pela suave neve
do mês de junho.
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