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14 :: H ISTÓRIA :: M ÓDULO 1 Povos indígenas do Brasil Grupos indígenas Tupi-guarani Jê Aruaque Caribe Cariri Pano Tucano Charrua Outros Oceano Atlântico Fonte: AGUILAR, Maria Lidia. Trabalhando com mapas de História do Brasil. São Paulo: Ática Comparativo entre estimativas da população indígena moderna e da existente no Século XVI e no ano 2000 Grupos indígenas Estimativas da população indígena selecionados e localização População indígena moderna Século XVI Acre (Rio Purús) Não menos de 3.000-5.000 30.000 16 grupos Amazonas (Rio Branco) 9 11.000-16.000 33.000 grupos Tocantins 19 grupos 5.000-5.600 101.000 Nordeste - litoral 7 grupos 1.000 208.000 Nordeste - interior Não menos de 13 grupos Maranhão 14 grupos – 85.000 2.000-6.000 109.000 Bahia 8 grupos – 149.000 Minas Gerais 11 grupos 0-200 91.000 Espírito Santo (Ilhéus) 9 grupos – 160.000 Rio de Janeiro 7 grupos – 97.000 São Paulo 8 grupos – 146.000 Paraná e Santa Catarina 9 grupos Rio Grande do Sul 5 grupos 3.200-4.200 152.000 – 95.000 Mato Grosso do Sul 7 grupos 6.200-8.200 118.000 Mato Grosso Central Não menos 1.900-2.900 de 13 grupos Outros ... 71.000 Total 2.431.000 ... 786.000 No Brasil, quando ainda o Brasil não existia... Este mapa pode não ser exato, mas traz uma ideia aproximada dos diferentes grupos indígenas que habitavam o que veio mais tarde a ser o território brasileiro, em torno dos séculos XIV-XV. Vamos observá-lo atentamente e tirar as primeiras conclusões sobre o assunto. A primeira poderia ser a quantidade de grupos indígenas diferentes, ou seja, a diversidade de povos existentes. Os povos nomeados no mapa poderiam, cada um ou alguns deles, dividir-se em outros subgrupos, falar uma língua diferente, ter religiões diferentes, produzir sua sobrevivência de um modo próprio e distinto uns dos outros. Devemos destacar que as fronteiras dos territórios que habitavam não se restringiam ao que temos hoje como limites do território brasileiro. Sua área de ocupação e de trânsito era muito mais ampla. E certamente, dentro do que é o território nacional, muito maior do que é reconhecido hoje como área indígena. No que era o território brasileiro no período, muitos grupos indígenas viviam em constante movimento, seja em processos de busca por melhores fontes de alimento, ou melhores terras, ou na disputa por rotas de contato com outros grupos e no acesso a produtos cobiçados. Havia disputas, guerras e alianças entre muitos povos. Nesse aspecto, a história dos índios do Brasil não se diferencia da história de outras sociedades. A guerra era parte de sua vida, mas a política de boa vizinhança também. Nas guerras faziam prisioneiros, capturavam mulheres e conquistavam territórios. Com as alianças, garantiam apoio nas suas disputas, ampliavam sua área de influência e tornavam possíveis as trocas comerciais e o aprendizado com outros grupos. Quase todos os grupos acreditavam que espíritos e seres divinos influenciavam em cada acontecimento do seu cotidiano. Se por acaso chovia, se fazia sol, se uma estrela parecia ter mudado de lugar no céu, se encontravam uma boa caça para se alimentar ou se a pesca não era boa – tudo poderia ser explicado por suas crenças religiosas. Acreditavam que também era possível mudar o rumo dos acontecimentos se conseguissem aprender a se comunicar e a agradar os seres desse mundo espiritual . Cada uma das regiões do que era o Brasil indígena tinha suas características próprias, ambientais e sociais. Os recursos naturais poderiam, segundo a região, favorecer mais a atividade agrícola ou menos, assim como a pesca, a caça e a coleta de frutos silvestres ou mesmo o artesanato. Os habitantes do Brasil dos séculos XIV e XV conheciam em grande parte a agricultura, ainda que a maioria a praticasse de forma muito simples. Dominavam recursos naturais para construir suas casas (exemplo: paredes de barro, telhados de palha), para fabricar seus instrumentos de trabalho, de lazer e meios de locomoção (canoas, jangadas). Havia uma produção artesanal que variava de grupo para grupo, de acordo com os recursos disponíveis e os conhecimentos técnicos. Objetos de cerâmica, de palha de folha de palmeira ou de casca de frutos serviam para o uso cotidiano e muitas vezes recebiam pinturas e adornos, transformando-se em arte. Mas não era o meio ambiente que definia os padrões de vida. Havia muitos outros fatores. Um deles era a relação que mantinham com outros grupos indígenas. Vamos a um exemplo.