Minha primeira Revista Revista DEZAINE - Edição 1 | Page 36
divíduo, como ser desejante. O desejo de não
deixar um sujeito isolar-se no crescimento
do seu «eu», é uma experiência de limitações
próprias. Um sujeito forma a sua essência na
medida em que o desejo o movimenta e o tor-
na singular, num certo sentido original.
A sociedade dos nossos dias analisa o in-
divíduo, dirigindo-se a ele como um ser úni-
co, que se diferencia de todos os outros. Co-
loca também cada vez mais à disposição dos
indivíduos o maior número de suportes infor-
mativos possível, que parecem permitir que
cada um possa traçar o percurso que mais
lhe convém. Um sujeito consegue chamar
à atenção pelo que o distingue. Quando se
fala de um indivíduo único, fala-se de um in-
divíduo com capacidade de saber o que quer
e que se reconhece a si mesmo. Um individ-
uo com inteligência emocional, criatividade e
afectividade.
O homem racional tem a capacidade de re-
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flectir sobre si próprio e de valorizar essa ca-
pacidade através da importância atribuída às
suas representações construídas ao longo do
tempo. A esfera mercantil, comercial, procu-
ra dar resposta a esta tendência, partindo da
exploração da ideia de que "cada indivíduo é
único", orientando as escolhas do consum-
idor para produtos que satisfazem as suas
necessidades específicas; mas na realidade,
existem obstáculos a uma personalização da
oferta, nomeadamente: a multiplicação das
referências e dos custos industriais e a ne-
cessidade de uma atenção redobrada no que
diz respeito à gestão de stocks e à apresen-
tação dos produtos. A solução tem passado,
em grande parte, pela hiper-segmentação
nas linhas e gamas de produtos a ponto de
criar a ilusão de personalização, ou seja, a
oferta não vai verdadeiramente ao encon-
tro das especificidades de cada pessoa, mas
afirma-se no mercado como se o fizesse.