Negros arrecadam esmolas para a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, Jean Baptiste Debre
NO Novo mundo
Os negros nascidos livres foram arrancados a fórcipes de sua terra ancestral. Com isso perdem suas referências culturais e sociais, incluindo aí sua religiosidade. São traficados como matéria prima, fonte da mão de obra capaz de manter o padrão de vida europeu que estava em plena difusão.
Devem então, reaprender sem liberdade e a mando de uma sociedade gerida pela Casa Grande. Hábitos alimentares, de vestimentas, sociais e religiosos devem ser esquecidos. Novas regras são impostas, e só existia um caminho a seguir: aceitação.
Existiam aqueles do Novo Mundo que não compactuavam com essas práticas e adotam procedimentos abolicionistas. Entre a população escrava negra tivemos os revoltosos que fugiam e constituíram suas sociedades a margem da cultura europeia nos Quilombos.No entanto, grande contingente desta população escrava ainda vivia sob os padrões estipulados pela Casa Grande. Muitos tem por fim o batismo na Igreja Católica. Mas ainda assim não eram bem vindos para frequentar o mesmo espaço destinado aos fieis da elite. Vejamos o Sermão XIV, pregado aos pretos de uma Irmandade do Rosário, em 1633, Antônio Vieira faz um lamento em favor da escravidão:
“Oh, se a gente preta tirada das brenhas da sua Etiópia, e passada ao Brasil, conhecera bem quanto deve a Deus, e a sua Santíssima Mãe por este que pode parecer desterro, cativeiro e desgraça, e não é senão milagre, e grande milagre!” (Vieira, 1954: 26-27). VIEIRA, A. (padre). Obras Escolhidas. 1954. Prefácio e notas de AntônioSérgio e Hernâni Cidade, vol. XI. Sermões (II), Lisboa, Livraria Sá da Costa. http://www.unicamp.br/~aulas/Conjunto%20III/4_24.pdf
Com o fim de preservar o pouco que ainda lembravam de suas culturais ancestrais, mas também pelo direito de exercer suas devoções religiosas, na grande maioria já católicos, se organizam e conseguem através de doações constituírem suas Igrejas, mais humildes, mas onde havia a possibilidade do exercício de sua fé.
Nesse sentido é criada a Irmandade de Nossa Senhora dos Homens Pretos, uma confraria de culto católico, onde o povo negro pudesse executar sua religiosidade. A primeira que se tem notícia ocorre em meados do século XVI em Olinda, Pernambuco.
Irmandade Nossa Senhora do Rosario dos Homens Pretos
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12 Revista A Cara da Cultura outubro 2017 07