PONTO DE VISTA
Novos mercados de consumo para o público da terceira idade
O mercado de produtos e serviços para idosos já está
forte, e a tendência é crescer cada vez mais. Com
diferentes hábitos de consumo e necessidades de
serviços, o poder de compra do consumidor sênior –
acima de 60 anos – deve superar 30 trilhões de reais
em todo o mundo em 2020. Em 2015, os americanos
com mais de 50 anos foram responsáveis por US$7,6
trilhões em gastos direto do consumidor e controlam
mais de 80% das riquezas das famílias. Além disso,
algumas pesquisas revelam que 90% das pessoas
idosas afirmam que querem continuar morando na
mesma casa.
Outros estudos sobre o comportamento do consumidor
idoso apontam que no Brasil, o consumidor sênior
concentrou 11% da renda no mercado brasileiro
nos últimos 10 anos. Para os próximos cinco anos, a
expectativa é que esse mercado passe a ter 16%, por
causa do envelhecimento, longevidade da população
e do aumento da sua força de compra. Segundo o
Instituto Nielsen, o comportamento do consumidor
idoso representa mais de um quarto das vendas de
bens de alto consumo.
Ainda de acordo com a Nielsen, há comportamentos
de compras distintos entre os idosos, com diferentes
gatilhos de compra, por exemplo, alguns com foco na
qualidade, outros focados em benefícios de saúde. O
público feminino, cada dia mais busca produtos de
higiene, perfumaria e cosméticos elaborados para o seu
dia a dia, e diz ter dificuldades para encontrar produtos
voltados para a sua faixa de idade.
Segundo o IBGE, nos próximos 20 anos a população
acima de 60 anos mais que triplicará, chegando a 88,9
milhões de brasileiros (39,2% da população). O perfil
populacional do país está mudando drasticamente e
essa transformação muda o perfil de comportamento
de compra no mercado. O McKinsey Global Institute
conclui que a população acima dos 60, um dos poucos
motores do crescimento econômico global, tem
condições de gerar metade do crescimento de consumo
urbano entre 2015 e 2030. A chamada economia da
longevidade está redefinindo as linhas de economia,
mudando o perfil da força de trabalho, promovendo
o avanço de tecnologia e inovações e revolucionando
a percepção do que significa envelhecer, segundo o
relatório da Oxford Economics.
Em todos os setores da economia, existem várias
formas para oferecer produtos e serviços que fazem
a diferença na vida das pessoas. No setor da saúde e
beleza, novos produtos são colocados no mercado
visando os consumidores mais velhos. Alguns estudos
mostram que os idosos dominam o consumo em 119 de
123 produtos de consumo diário, compram mais carros
novos que as demais faixas etárias e são responsáveis
por 80% do turismo de luxo. São consumidores que
estão ansiosos para gastar em transporte, diversão,
alimentação e bebidas, o que representa um enorme
mercado alvo para novas ideias e inovações.
O setor de serviços financeiros cada vez mais vem
atendendo às necessidades das pessoas mais velhas
no planejamento da sua aposentadoria, pois os
consumidores estão se preparando para viver mais,
gerando um poderoso motor do crescimento de
consumo e da economia.
Embora o mercado da longevidade ainda esteja
engatinhando, dispor de estratégia para os consumidores
mais velhos, identificar novas oportunidades e mercados
exige muito estudo sobre a percepção de valor desse
público. Os gestores de marketing, vendas e de pessoas
precisam rever os seus conhecimentos sobre essa
população para evitar estratégias de mix de marketing
ultrapassadas. Devem incorporar pessoas mais velhas
em planejamento de produtos, projetos e comunicações
para beneficiar-se de sua experiência e conhecimento.
Desenvolver pesquisas e inteligência de mercado,
através de grupos focais que incluem consumidores
mais velhos, para testar produtos e serviços antes de
colocá-los no mercado será fundamental para atrair
esse público.
Ainda estamos dando os primeiros passos para
entender e atender as necessidades dos consumidores
mais velhos. A população idosa é diversificada e as
repostas não são simples, pois o tamanho único não
serve para todos. Mas sabemos que já existe uma
demanda clara por produtos e serviços. Essa demanda
crescerá rapidamente nas próximas décadas, e as
empresas que começarem a atendê-la agora poderão
acumular dividendos fortalecendo suas marcas e gerar
um relacionamento a longo prazo. É uma enorme
oportunidade que beneficia tanto as empresas como a
sociedade. Pense nisso!
Claudio Shimoyama
CEO do Grupo Datacenso
31 | SUPERMIX | EDIÇÃO 173