A criação Programa Nacional de Incentivo a Mudanças Curriculares no Curso de Medicina, o Promed, foi incentivada por esses debates. O Promed é um programa que incentiva as mudanças almejadas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), direcionando a formação do profissional de saúde, pautada no compromisso social e na mudança do modelo de saúde .
Dessa forma, tem sido debatida por especialistas a mudança do método de aprendizagem, surgindo, no Brasil, as metodologias ativas. Nesse contexto, é adotado por algumas universidades o PBL – Problem Based in Learning – ou ABP – Aprendizado Baseado em problema, como a metodologia de ensino capaz de transformar a educação médica através das estratégias da problematização.
As Faculdades Santo Agostinho, em sua sede no município baiano de Vitória da Conquista, aposta, desde o início do curso de medicina, nessa metodologia inovadora para a formação dos seus profissionais médicos. Dessa forma, os docentes assumem o papel de tutor ou instrutor do processo de aprendizagem, onde, juntamente com os discentes, constroem o ensino da medicina. Deixa-se, consequentemente, o papel daquele professor que supostamente é “dotado de todo o saber”. Desse modo, a construção é via de mão dupla, estimulando o estudante a “aprender a aprender”, resultando em autonomia intelectual (BRANDÃO, ROCHA E SILVA, 2013).
O currículo adotado para o curso de Medicina das Faculdades Santo Agostinho se norteia pelos eixos de apoio: Habilidades Profissionais, IESC (Integração Ensino, Saúde e Comunidade), Grupos tutoriais, Aulas Práticas e Palestras.
O IESC tem como papel fundamental a inclusão do estudante de Medicina desde o começo da faculdade na realidade do Sistema Único de Saúde. Promove-se, desse modo, a participação do discente na reorientação da atenção básica, em que consiste no reconhecimento de um território para, posteriormente, identificar os problemas que nele existem (BRITO, RODRIGUES E MENDES, 2005). O IESC é organizado semestralmente, sendo as atividades dos quatro primeiros (correspondendo aos dois primeiros anos do curso de medicina) baseadas no contexto de promoção de saúde e prevenção de agravo.
O primeiro período do curso visa aproximar o estudante da realidade do funcionamento de uma Unidade de Saúde da Família (USF) e da população adscrita por essa unidade, por meio da territorialização (BRANDÃO, ROCHA E SILVA2013). No segundo período, a partir dessa observação, os alunos identificam os problemas vivenciados por aquela comunidade. Surge, nesse momento, o uso do PPLS, Planejamento e Programação Local em Saúde, como forma estratégica de observação da realidade e identificação dos problemas de saúde vivenciados pela comunidade.
É nesse período que os alunos são capacitados para a aplicabilidade das planilhas do PPLS, através de uma simulação em sala de aula para, posteriormente, aplicá-lo na comunidade por oficinas que contam com a presença da população em geral e profissionais de saúde da unidade. Após a identificação, é priorizado, pela população, um problema de saúde para o planejamento das intervenções. Desse modo, são levantadas, a partir da planilha 2 (do PPLS) – a “Árvore de Problemas”, as causas e as consequências do problema priorizado.
A partir desses levantamentos, os discentes se reúnem entre eles, com o instrutor do IESC (professor) e com a equipe de saúde para elaborar as possíveis saídas do problema. Para isso, é necessário embasamento teórico científico a respeito do problema priorizado, esse estudo dará fundamento para as possíveis intervenções. Assim sendo, é elaborada a planilha 3 do PPLS, a elaboração dos objetivos que viabilizem a redução da incidência do problema priorizado (BRITO, RODRIGUES E MENDES, 2005).
No terceiro período é o momento de intervenção da problemática, ou seja, por em prática o que foi planejado. Aqui se faz jus da importância do conhecimento prévio da população, de como ela vive e do funcionamento da USF que foi realizado por meio das territorializações, pois o estudante deve elaborar atividades de acordo com a realidade da comunidade (BRANDÃO, ROCHA E SILVA, 2013), para se obter êxito nos objetivos. >