Madame Eva Nº3 | Page 5

SOBRE MADAME E va! Eva! Eva! Três vezes Eva! Assim anda nossa Madame, no absoluto trino de seu terceiro número. Porque se um é pouco e dois é bom, três é demais; e tudo que é demais, sobra! Sim, Eva sempre se propôs a redundantemente sobrar, criando e recriando a cada mordidela do fruto proibido; a cada texto tecido; a cada fio puxado: a cada número impresso. Apresentamos este número de Madame convictos de que ele reflete em suas páginas a evolução transcorrida fora delas: qual seja, uma evolução estática, em que Eva avança sem violar sua proposta de origem, caminhando sem sair do lugar. Pois Madame Eva evoca a evolução que invade e evade, para, numa aliteração meta- linguística se efetivar por sua efêmera efusão de efígie eflorescente que vem como verdade eviterna e evidente: Eva reinventada. Reinventada e recriada, Eva assume outras identidades: Eva é também Aglaia; é Tali; e é Eufrosina: Eva é a tradição helênica que confabula com a alegoria da cria- ção genesíaca para em Três Graças devorar tudo o que sabíamos dela. Se no primeiro número Eva trouxe em sua capa a maçã borrada a três cores, representando a fragilidade fictícia da criação e da reprodução artística; e ao segun- do número Eva veio mascarada com três disfarces distintos, cada qual a demonstrar a importância do legado criativo, sobre o qual cada fantasia fora forjada; hoje, Eva apresenta, em sua terceira capa, os estáticos e sólidos carimbos que apesar de imu- táveis não conseguem se reproduzir à perfeição nas diferentes impressões da revis- ta. Como a tradição que nos antecedeu nos permitiu recriar para criar, a nós, só nos resta apegar-nos à nossa tradição. Como de costume, 3