SOBRE MADAME
E
va! Eva! Eva! Três vezes Eva! Assim anda nossa Madame, no absoluto trino
de seu terceiro número. Porque se um é pouco e dois é bom, três é demais;
e tudo que é demais, sobra! Sim, Eva sempre se propôs a redundantemente
sobrar, criando e recriando a cada mordidela do fruto proibido; a cada texto tecido; a
cada fio puxado: a cada número impresso.
Apresentamos este número de Madame convictos de que ele reflete em suas
páginas a evolução transcorrida fora delas: qual seja, uma evolução estática, em
que Eva avança sem violar sua proposta de origem, caminhando sem sair do lugar.
Pois Madame Eva evoca a evolução que invade e evade, para, numa aliteração meta-
linguística se efetivar por sua efêmera efusão de efígie eflorescente que vem como
verdade eviterna e evidente: Eva reinventada.
Reinventada e recriada, Eva assume outras identidades: Eva é também Aglaia;
é Tali; e é Eufrosina: Eva é a tradição helênica que confabula com a alegoria da cria-
ção genesíaca para em Três Graças devorar tudo o que sabíamos dela.
Se no primeiro número Eva trouxe em sua capa a maçã borrada a três cores,
representando a fragilidade fictícia da criação e da reprodução artística; e ao segun-
do número Eva veio mascarada com três disfarces distintos, cada qual a demonstrar
a importância do legado criativo, sobre o qual cada fantasia fora forjada; hoje, Eva
apresenta, em sua terceira capa, os estáticos e sólidos carimbos que apesar de imu-
táveis não conseguem se reproduzir à perfeição nas diferentes impressões da revis-
ta.
Como a tradição que nos antecedeu nos permitiu recriar para
criar, a nós, só nos resta apegar-nos à nossa tradição.
Como de costume,
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