Madame Eva Nº3 | Page 22

11 Vi a fumaça das cara- binas e cai pela última vez. Uma escuridão cobriu-me o mundo – agonizei no chão e ao terceiro segundo de meu sofrimento, entreguei meu espírito às mãos de Deus... 12 E num último berro, morri. 13 Meu corpo foi recolhido do chão; e imagino minha po- bre mãe tomando-me nos braços, sempre piedosa, enquanto rece- bia a penúltima mágoa que a vida lhe haveria de fazer. 14 A última, coitada, foi meu sepultamen- to, após o qual a certeza de minha ino- cência e minha libertação das correntes da terra lhes terão servido de consolo. Fui condena- do, sentenciado e executado, mas por fim estou livre – livre desta condição animalesca, de ser reprimido, e das ilusões de justiça das fantasias do direito. Do direito à liberdade, do direito a pensar, do direito de ser feliz... Livre, enfim, para abraçar o meu direito à Vida. 20