Madame Eva Mme Eva quinto numero | Page 5

SOBRE MADAME U ma dentre cinco. Esta Madame é apenas uma dentre cinco. É o quinto nú- mero e é o número cinco; mas é antes: uma dentre cinco. Pouco sentido se pode extrair de um número que é ao mesmo tempo menor do que é e exa- tamente o que é; porém, nossos leitores já se acostumaram com a redundância de nossos argumentos. E se pouco sentido se pode dar, muitos sentidos se podem tirar. Sim, este quinto número de Madame Eva é uma experiência sinestésica, em que a palavra escrita embaralha os limites sensoriais do leitor. Contidas nas páginas deste número estão as antigas novidades de sempre. Novidades tautológicas de uma literatura que possui uma infinidade de imagens e ideias que se tecem independentemente do que se sabe delas. Como um sonho de cego: visões de quem nunca viu, mas vê pela abstração criada por todo o resto, algo para sentir. Porque, no fundo, nenhuma palavra permanece suspensa em seu ideal de sen- tido ou significância. A polissemia – explícita ou implícita – de todo termo é sempre acompanhada da sutíl sinestesia quimérica de incontáveis frutos. Frutos, aliás, cujo melhor exemplo é a laranja. A cor? O sabor? O Cheiro? A forma? Não. O ruído. O ruído laranja na bruma matutina que se ouve, que os poetas ouvem, que os leitores ouvem, que Eva murmura! Madame Eva é esse sussurro luminoso que se cheira no doce relevo de suas páginas. É o raio áspero de uma melodia perfumada que saboreamos a cada texto. Porque em nada adianta ler com os olhos e esquecer o resto; pois ler é o exercício transensorial que há milênios enriquece a experiência humana. Assim, pela quinta vez, certos de que esta é apenas “uma dentre cinco”, re- novamos nosso bordão editorial e dizemos a todos os sentidos, com todo sentido, a quem nos conheceu e a quem ainda não sabe: 3